Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Greve de quatro dias. Trabalhadores da Lusa enviam carta aberta a Marcelo e a Costa

por RTP
Pedro Mateus - RTP

Os trabalhadores da agência Lusa cumprem hoje o segundo de quatro dias de greve. Esta sexta-feira enviaram uma carta aberta ao Presidente da República e ao primeiro-ministro a esclarecer os motivos da paralisação e a apelar à solidariedade. Consideram que o Governo "pode e deve desbloquear esta situação".

A greve foi anunciada na quinta-feira após um plenário de trabalhadores. Em causa estão aumentos salariais.

Na missiva, enviada a Belém e a São Bento, os trabalhadores queixam-se do “imobilismo da administração da empresa cuja contraproposta de 74 euros, face à exigência de um aumento de 120 euros, é insuficiente”.


“É insuficiente porque pedimos 10 euros por cada um dos 12 anos sem aumentos salariais reais que os trabalhadores do quadro enfrentam, entre outras reivindicações, num sinal claro de que a empresa está ainda manietada por cortes do tempo da troika, lê-se na carta aberta a que a RTP teve acesso.

O documento acrescenta que, “os sindicatos, mandatados para negociar pelo plenário de trabalhadores, cansados de não receberem um salário condigno e de não serem respeitados, baixaram a pretensão de aumento salarial para os 100 euros, mas a administração decidiu, ainda assim, não ir ao encontro deste pedido, mantendo apenas a proposta dos 74 euros”. Em causa está uma diferença de 26 euros mensais.

Não falta muito para que a administração possa encontrar as pretensões apresentadas pelos sindicatos (Sindicato dos Jornalistas, SITE CSRA - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas e SITESE - Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços) ”, sublinham.

Os signatários recordam que estão há “mais de uma década sem aumentos salariais reais, e a incapacidade de a administração fazer uma proposta aceitável, levaram-nos a ter de fazer greve, num contexto económico e social peculiarmente desafiante”.Apelos a Costa e a Marcelo
Num apelo a António Costa, os trabalhadores realçam que “o Governo pode e deve desbloquear esta situação e dar resposta a uma reivindicação que até fica aquém, ainda assim, do que seria um real reforço das condições de trabalho”.

“Por isso, pedimos-lhe que o faça, sendo certo que o primeiro-ministro está mais do que ciente da importância desta empresa do setor empresarial do Estado para o jornalismo, para a democracia, para o país e para a própria Língua Portuguesa. Destruir a Lusa é atacar a democracia”.

Já na carta enviada a Belém, os trabalhadores recordam as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que afirmou que “para uma democracia forte, é preciso uma comunicação social forte. Se a comunicação social não é forte, a democracia não é forte”.

“Subscrevemos e vincamos que sem uma agência de notícias forte, não haverá comunicação social ou democracia forte no nosso país. Com isto em mente, pedimos-lhe que interceda em nosso favor da maneira que encontrar, sendo certo que o Presidente da República é conhecedor do quão fundamental é a Lusa para a democracia, para o país e para a própria Língua Portuguesa. Destruir a Lusa é atacar a democracia”, rematam.
Adesão de 90 por cento na quinta-feira
O serviço da única agência de notícias em língua portuguesa está parado desde quinta-feira. Os trabalhadores falam “numa adesão massiva, acima dos 90 por cento no primeiro dia de greve”.

“Uma situação que se prolongou hoje, sexta-feira, e que seguramente se repetirá no sábado e no domingo”.

“As concentrações em Lisboa e Porto, bem como a luta levada a cabo por todo o país, pela lusofonia e outros países estrangeiros, provam a união dos trabalhadores em torno de uma causa: a dignificação das condições de trabalho de quem assegura diariamente a coesão territorial, por forma de um jornalismo rigoroso e isento. Sem a Lusa, muitos territórios do país não teriam qualquer presença no panorama mediático nacional”, frisa o documento.

Para os trabalhadores, “valorizar a agência de notícias nacional é garantir que nenhum ponto do país seja invisibilizado”.

Na paralisação, “ os trabalhadores contaram também com a solidariedade dos vários trabalhadores precários, que merecem a integração nos quadros da empresa, por força de se verem ainda mais fragilizados na atual situação”, acrescentam.
Trabalhadores em protesto junto a São Bento Hoje, o protesto, por aumentos salariais, é junto à residência oficial do primeiro-ministro.

Na Rua Borges Carneiro, a cerca de 50 metros da residência oficial do primeiro-ministro é visível um perímetro de segurança. No local estão cerca de 50 trabalhadores da Lusa.

Em declarações à RTP, Susana Venceslau explicou que em causa "estão aumentos salariais" e o facto de as "reivindicações" não serem aceites.
Cristina Liz e Pedro Mateus - RTP

Os trabalhadores exigem, no mínimo, "um aumento de 100 euros" mensais e a administração da empresa "parou nos 74 euros"


Tópicos
pub