Guerra comercial. Trump ameaça China com "acordo muito mais difícil"

por RTP
A retomada das negociações ocorre após os líderes norte-americano e chinês, Donald Trump e Xi Jinping, negociarem um segundo período de tréguas na guerra comercial, no mês passado Kevin Lamarque - Reuters

Os Estados Unidos e a China retomaram esta terça-feira as negociações comerciais. Donald Trump já se pronunciou no Twitter sobre o encontro, acusando a China de "mudar sempre o que foi acordado para seu benefício". O Presidente norte-americano ameaça que, caso a China continue a dificultar as negociações, "o acordo será muito mais difícil do que aquele que estamos a negociar agora".

Esta terça-feira os representantes dos governos norte-americano e chinês reuniram-se com vista a tentar relançar as negociações para um acordo comercial entre os dois países.

Donald Trump já se pronunciou sobre o frente a frente das duas potências, acusando a China de “mudar sempre o que foi acordado para seu benefícios”.

“A China está numa situação muito má, a pior em 27 anos. Era suposto começar a comprar os nossos produtos agrícolas agora, mas não há sinais de que estejam a fazer isso. Esse é o problema com a China, simplesmente não cumpre”, afirmou Trump, salientando que a economia norte-americana “tornou-se muito maior do que a economia chinesa nos últimos três anos”.


A reunião decorre em Xangai e junta o representante do comércio e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Lighthizer e Steven Mnuchin, respetivamente, e o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He.

A retomada das negociações ocorre após os líderes norte-americano e chinês, Donald Trump e Xi Jinping, terem negociado um segundo período de tréguas na guerra comercial durante a cimeira do G20 que decorreu em junho no Japão.

O primeiro colapsou após Trump ter subido as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares (178 mil milhões de euros) de bens importados da China, acusando Pequim de recuar em compromissos feitos anteriormente.
“Acordo muito mais difícil"
O Presidente dos Estados Unidos acredita que a China está a tentar ganhar tempo até às eleições presidenciais de 2020, na esperança de uma eventual derrota do líder republicano. Trump alega que caso seja derrotado pelo seu adversário democrata, Joe Biden, a China poderia obter um “ótimo acordo e continuar a enganar os EUA, ainda melhor do que nunca”.


O líder norte-americano deixa, no entanto, uma ameaça: “O problema de eles [China] estarem a esperar é que, se eu ganhar, o acordo que eles vão ter será muito mais difícil do que aquele que estamos a negociar agora…ou mesmo nenhum acordo. Nós temos todas as cartas e os nossos líderes anteriores nunca as tiveram!”.
“Tratar a China com todo o respeito”
Desde que as duas potências acordaram um segundo período de tréguas, Washington e Pequim não parecem caminhar em direção a um acordo.

No fim de semana passado, Donald Trump ameaçou denunciar o estatuto de país em desenvolvimento que alguns membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) têm, alegando que utilizam esse estatuto para obter lucros para a sua economia. O Presidente dos EUA dirigia-se particularmente à China, afirmando que Pequim “aldraba o sistema às custas dos EUA”.

O ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em resposta, afirmou que as afirmações de Trump “expuseram ainda mais a sua arrogância desonesta e egoísmo”.

Na sequência destes incidentes, a agência de notícias China News admitiu que as relações entre Pequim e Washington estavam “tensas” e incitou os Estados Unidos a “tratar a China com todo o respeito”, de forma a ser possível alcançar um acordo.

Desde maio que as negociações estavam paradas e Trump elevou de dez para 25 por cento as tarifas sobre inúmeros produtos chineses, levando Pequim a impor mais taxas sobre produtos norte-americanos.

As tensões entre Washington e Pequim têm as suas raízes no desequilíbrio da balança comercial a favor da China, que exporta 419 mil milhões de dólares (376 mil milhões de euros) a mais do que importa dos Estados Unidos, e Trump diz que é devido às práticas comerciais desleais do gigante asiático.

c/ agências
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