Guerra comercial. Trump esboça travão a investimento tecnológico chinês

por RTP
Xi Jinping e Donald Trump durante a visita do Presidente norte-americano à China, em novembro de 2017 Jonathan Ernst - Reuters

A imprensa norte-americana revela que a Casa Branca vai anunciar nos próximos dias um novo pacote de medidas para conter o investimento tecnológico chinês nos Estados Unidos, bloqueando também exportações adicionais de materiais tecnológicos para a China.

A notícia foi avançada no domingo pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal e dá conta de um novo capítulo na guerra comercial em curso entre as duas maiores economias a nível mundial, desta vez com o desígnio de atingir o setor tecnológico em Pequim. 
 
A Administração Trump deverá anunciar no final da semana medidas para vedar o investimento nos Estados Unidos por parte de empresas chinesas e ainda o bloqueio de exportações adicionais de material tecnológico para a China. 
 
As novas medidas delineadas pelo Departamento do Tesouro norte-americano deverão vedar o investimento em “tecnologia industrialmente significativa” a empresas com pelo menos 25 por cento de propriedade chinesa, revela o WSJ, sem especificar que tipo de tecnologia. 
 
Este pacote de medidas propõe-se a contrabalançar a iniciativa Made in China 2025, um plano chinês para impulsionar ao nível interno indústrias na área da robótica, carros elétricos e tecnologia aeroespacial, com o intuito de se tornar líder global nessas áreas.  
 
A iniciativa inclui a atribuição de subsídios a empresas chinesas de alta tecnologia, visando transformar o país numa potência tecnológica, capaz de competir nos setores de alto valor agregado. Um programa que preocupa norte-americanos e europeus.
Protecionismo  
Em maio a Casa Branca já tinha prometido que iria anunciar “controlos de exportação melhorados” na aquisição de tecnologia norte-americana por parte da China no dia 30 de junho. No documento surge também a referência à “tecnologia industrialmente significativa” a que o WSJ faz referência. 
 
As novas medidas surgem num contexto de guerra comercial entre os dois países, fruto de um ímpeto protecionista em crescendo nos últimos meses nos Estados Unidos. 
 
Em junho, Donald Trump aprovou a imposição de taxas de 25 por cento sobre produtos chineses, o que equivale a uma tarifa de 50 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros) sobre as importações de  Pequim. 
 
Durante meses, Trump ameaçou a China com o aumento de tarifas, como forma punição pelo que considera ser “um problema de roubo de propriedade intelectual”.

Em resposta, a China anunciou a imposição de taxas de 25 por cento sobre 659 produtos norte-americanos. Logo depois, o Presidente norte-americano acenou com uma potencial imposição de novas tarifas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares, com a China a garantir que está pronta a responder na mesma moeda.
China e UE unidas

As taxas alfandegárias sobre bens chineses e agora as novas taxas aplicadas à indústria tecnológica não são as únicas medidas protecionistas dos Estados Unidos anunciadas nos últimos meses. Também a União Europeia, México e Canadá foram visados por novas tarifas de 25 por cento e 10 por cento no aço e alumínio. 
 
Numa declaração conjunta a partir de Pequim - e apesar das preocupações com o programa Made in China 2025, ou das dificuldades na entrada de empresas europeias no mercado chinês -, o Velho Continente mostrou estar ao lado da China nesta nova querela comercial. 
 
"As duas partes acordaram em opor-se ao unilateralismo e ao protecionismo" nas relações comerciais, afirmou o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, após uma reunião com o vice-presidente da Comissão Europeia para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen.
 
Numa declaração conjunta à imprensa, Liu afirmou que a China e a UE querem evitar que essas práticas "tenham impacto na economia global" ou inclusive que resultem numa "recessão".
 
Os dois blocos económicos defenderam ainda um sistema de comércio multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e baseado em regras.
 
O responsável europeu afirmou, por sua vez, que as questões comerciais foram amplamente abordadas durante a reunião, mas assinalou que "é preciso fazer mais do que falar".
 
"É preciso demonstrar que o atual sistema comercial é justo e beneficia ambas as partes", afirmou.

c/ Lusa
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