Impacto da Covid. Governo estima queda do PIB de 6,9% e desemprego de 9,6%

por RTP
Imagem de arquivo Lusa

O Governo estima uma queda do PIB de 6,9% este ano, devido à pandemia da covid-19, e prevê um crescimento de 4,3% em 2021, segundo o Programa de Estabilização Económica e Social, aprovado na quinta-feira. O Executivo prevê ainda uma taxa de desemprego este ano de 9,6% e de 8,7% em 2021.

A resolução do Conselho de Ministros que aprova este programa foi publicada no sábado à noite no suplemento do Diário da República e inclui o cenário macroeconómico 2020-2021, que não tinha sido apresentado na quinta-feira, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião semanal do executivo.

"Para 2020, perspetiva-se uma forte contração da economia portuguesa, em resultado do choque económico provocado pela pandemia da doença covid-19 e das medidas de contenção implementadas. Neste contexto, prevê-se uma queda abrupta na taxa de variação real do PIB [Produto Interno Bruto] para 6,9%, a maior contração de que há registo nas últimas décadas", lê-se no documento.

O Governo estima que o impacto ocorra principalmente no segundo trimestre do ano, "após a quebra de 2,3 % registada no primeiro trimestre de 2020".

O crescimento do PIB em 2019 foi de 2,2%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) citados no documento.

Segundo as estimativas apresentadas no Programa de Estabilização Económica e Social, a procura interna deverá cair 5,1 pontos percentuais este ano e subir 3,8 pontos percentuais em 2021. Em 2019, este indicador registou um aumento de 2,7 pontos percentuais.

Quanto à procura externa líquida, deverá cair 1,8 pontos percentuais este ano e subir 0,4 pontos percentuais em 2021. Em 2019, registou uma contração de 0,6 pontos percentuais.

"Para 2021, projeta-se uma recuperação significativa do crescimento do PIB (+4,3%), por via de um aumento da procura externa e de um maior dinamismo na procura interna, refletindo-se num contributo positivo do consumo privado e investimento. A atividade económica deverá recuperar para os níveis registados antes da pandemia, com a exceção de alguns setores da economia, como o turismo, para os quais a recuperação se antecipa mais lenta", considerou o Governo.

O cenário macroeconómico traçado pelo Governo indica ainda uma previsão de queda, este ano, de 4,3% no consumo privado e uma subida de 3,8%, em 2021. Já o consumo público deverá registar um crescimento de 3,1% em 2020 e uma descida de 0,8% em 2021.

"O consumo privado deverá reduzir-se em 4,3%, após registar um crescimento superior a 2% durante seis anos consecutivos (2,2% em 2019). A redução, que deverá ser mais acentuada na componente de bens duradouros, reflete a diminuição esperada no rendimento disponível das famílias", lê-se no documento.

No investimento, é estimada uma redução de 12,2% este ano e um aumento de 6,1% em 2021.

"Esta evolução é explicada por uma contração no investimento privado, que deverá ser parcialmente compensada por um aumento do investimento público", acrescenta.

Em 2019, o investimento cresceu 6,6%, segundo dados do INE.

O Governo apresenta na terça-feira a proposta de orçamento suplementar deste ano.Taxa de desemprego este ano nos 9,6 por cento

No centário macroeconómico que integra o Programa de Estabilização Económica e Financeiro o Governo prevê uma taxa de desemprego este ano de 9,6% e de 8,7% em 2021.

"Em virtude do efeito das medidas de apoio ao emprego adotadas [no âmbito da pandemia da covid-19], estima-se que a redução no emprego seja significativamente inferior à redução do PIB", lê-se nas explicações que acompanham o quadro macroeconómico.

Em 2019, a taxa de desemprego foi de 6,5%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) citados no documento.

O cenário macroeconómico traçado pelo Governo indica também que a capacidade de financiamento da economia portuguesa deverá permanecer positiva em 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, uma redução de 0,5 pontos percentuais em relação a 2019 (0,8%). No próximo ano, deverá ser de 0,6% do PIB.

A descida é justificada com a "redução esperada no saldo da balança de bens e serviços", segundo o executivo, acrescentando que "a balança de capital deverá continuar a contribuir positivamente para a capacidade de financiamento da economia".

C/ Lusa

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