Indústria gráfica alerta para impacto da subida do preço do papel e energia

por Lusa

Redação, 11 out (Lusa) -- A APIGRAF -- Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e do Papel está preocupada com os preços da energia e das matérias-primas, alertando que estes deverão levar a uma subida dos preços praticados, avançou o presidente da entidade à Lusa.

"Temos que refletir [o aumento do preço do papel] no que produzirmos", salientou Lopes de Castro. Por isso, a APIGRAF prevê mesmo um aumento da faturação este ano, face aos cerca de dois mil milhões de euros de volume de negócios das empresas do setor no ano passado, com a subida inevitável de preços.

O dirigente associativo salientou que houve alterações na indústria do papel que levaram a uma maior escassez nesta matéria, incluindo encerramento de fábricas e outras mudanças no mercado.

Além disso, referiu o presidente da APIGRAF, os custos da energia são também um problema para as empresas. "Estamos a sofrer com um aumento brutal de energia, a indústria gráfica consome muito e o nosso Governo não fez nada. Os espanhóis agiram imediatamente, reduziram o imposto, mas nós continuamos a não fazer nada. É um aumento brutal e precisávamos que o executivo atuasse do lado dos impostos, porque só aí é que é possível descer o preço", salientou Lopes de Castro.

O setor reúne-se em Viseu na sexta-feira, 12 e no sábado, 13 de outubro, para debater os desafios em torno da atividade.

"A APIGRAF faz todos os anos este encontro de sócios. Pretende-se prestar contas, fazer uma avaliação de como é que está a indústria face ao país. Teremos ações de motivação para os associados, partilha de contactos e convívio. Contamos que estejam à volta de 100 empresas", referiu Lopes de Castro.

Numa altura em que a indústria gráfica corre riscos acrescidos, devido ao aumento da digitalização e redução do uso do papel, Lopes de Castro salientou que é essencial apostar em tecnologia e recursos humanos nas empresas.

"Vamos debater novas tecnologias, a digitalização da indústria, a indústria 4.0, a forma como uma indústria gráfica se deve preparar para a digitalização, a cultura digital, que é fundamental para isto, e maneiras de captar pessoas, neste caso jovens", para o setor, avançou o dirigente associativo.

Para Lopes de Castro, "o principal desafio é uma adaptação às novas tecnologias e formação. Sem recursos humanos capazes não é possível" gerir estas mudanças tecnológicas, salientou. Além disso, as sociedades ligadas a este setor devem perceber "que investimento é que têm que fazer" neste sentido.

"As empresas têm que estar atentas e perceber a evolução, porque está a ser muito rápida e todos temos que saber quando passamos do convencional para o digital ou quanto tempo é que irão conviver", referiu o presidente da APIGRAF.

O setor das gráficas e indústria do papel conta com 2.600 empresas, garantiu Lopes de Castro, responsáveis por 360 milhões de euros de exportações diretas em 2017. Mas o presidente detalhou ainda que em vendas indiretas para o exterior, por exemplo, com produtos gráficos que acompanham outros bens, as exportações atingem um valor semelhante. Estas sociedades empregam 22 mil pessoas.

O setor trabalha, sobretudo, para mercados europeus e tem alguns negócios no norte de África.

Lopes de Castro espera que, com a maior abertura entre Angola e Portugal, a indústria consiga também recuperar este mercado, onde já teve uma presença mais forte.

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