Libra. Berlim junta-se a Paris na luta contra a criptomoeda do Facebook na Europa

por RTP
Dado Ruvic, Reuters

Os governos alemão e francês surgiram esta sexta-feira alinhados na forma como olham para a criptomoeda do Facebook, considerando que representa um risco para o sector financeiro que deverá para já bloquear a sua autorização na Europa. Acessoriamente, defendem o desenvolvimento de um projecto alternativo de criptomoeda.

As críticas de Paris e Berlim surgem numa altura em que o Banco Central Europeu assegura estar a desenvolver um plano de longo prazo para uma moeda digital pública que poderá tornar redundante o projecto da Libra (a criptomoeda do Facebook).

Não é a primeira vez que na União Europeia se levantam vozes a alertar para os riscos das divisas digitais, tendo a Bitcoin sido já alvo de sérios avisos das instâncias europeias. No caso da Libra, vem agora o recado para os perigos que podem experimentar a estabilidade financeira e os consumidores ou a própria “soberania monetária” dos Estados membros, com os chefes das Finanças alemã e francesa, Bruno Le Maire e Olaf Scholz, a tomarem a palavra sobre esta matéria a uma só voz, durante o encontro de ministros das Finanças da Zona Euro em Helsínquia.O Facebook pretende lançar a Libra em 2020.

“A França e a Alemanha consideram que o projecto da Libra, de acordo com os planos divulgados pelo Facebook, falha nas garantias de que estes riscos serão devidamente atendidos”, afirmaram.

A forma como o assunto está a ser encarado deixa adivinhar que os membros da Zona Euro se preparam para encarar uma candidatura à operação da Libra na Europa com um funil de regras muito apertado.

Retomando o tom crítico que assumira em Julho, durante a reunião do G7 em Chantilly, Le Maire sublinhava ainda esta semana que “a soberania monetária dos Estados está em jogo”, havendo ainda muitos outros riscos a ter em atenção com o cenário de “privatização de uma moeda detida por um único ator que tem mais de dois mil milhões de utilizadores no planeta”.

“Qualquer falha no funcionamento desta moeda, na gestão das reservas das mesmas, poderia criar distúrbios financeiros consideráveis”, considerou o ministro francês.

Com a União Europeia a trabalhar em contra-relógio, este é um cenário que obriga, desde logo, ao desenvolvimento de um conjunto de regras que enquadre num primeiro momento o esquema das divisas virtuais na Europa, depois de em junho passado o Facebook ter lançado a sua moeda. O anúncio da rede social foi, nas palavras de um membro do Banco Central Europeu, uma campainha para os reguladores europeus.

“Queremos aqui incentivar os bancos centrais europeus a trabalharem rapidamente possíveis alternativas para uma moeda digital pública”, afirmou Bruno Le Maire a partir da capital finlandesa, procurando acelerar o passo dos parceiros da União e recuperar o tempo num dossier que apanhou a Europa quase adormecida.
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