Livre saúda "oposição interna encabeçada pelo primeiro-ministro"

por Lusa
Lusa

O deputado único do Livre, Rui Tavares, saudou hoje a decisão de António Costa de determinar ao Ministério das Infraestruturas a revogação do despacho sobre a localização do novo aeroporto, falando numa "oposição interna encabeçada pelo próprio primeiro-ministro".

"A decisão de ontem não fazia nenhum sentido e ainda bem que a oposição interna no governo, pelos vistos encabeçada pelo próprio primeiro-ministro, se encarregou de a desfazer", afirmou.

Rui Tavares falava aos jornalistas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter determinado hoje a revogação do despacho publicado na quarta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa e reafirmado que quer uma negociação e consenso com a oposição sobre esta matéria.

"O Governo devia dedicar-se a governar e devia deixar a oposição para a oposição. Embora havemos de concordar que acaba por se revelar muito eficaz nessa oposição interna ao próprio governo (...)", considerou.

O deputado único do Livre desvalorizou uma eventual demissão do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, dizendo que não o preocupa o "futuro imediato deste ou daquele ministro" mas sim "o futuro de uma decisão para o país".

"O tema do dia é o tema do dia, amanhã pode ou não estar esquecido, mas uma decisão errada neste dossier significa uma decisão com a qual vamos ter que viver durante 50 anos ou mais", salientou.

Tavares voltou a considerar "profundamente errada" a decisão que tinha sido avançada pelo Ministério das Infraestruturas esta quarta-feira de uma nova solução aeroportuária para Lisboa que passava pela construção de um novo aeroporto no Montijo até 2026 e por encerrar o aeroporto Humberto Delgado, quando estivesse concluído o de Alcochete, em 2035.

Por isso, o Livre entregou na Assembleia da República um projeto de resolução no qual recomenda ao Governo que o país tenha "um plano nacional aeroportuário com uma avaliação ambiental estratégica ampla que não exclua nenhumas alternativas nem localizações".

"Uma das coisas que queremos retirar desta polémica e destes casos de ontem e de hoje é que no momento em a poeira assentar e em que haja alguma clareza, o senhor primeiro-ministro se comprometa com a realização desse plano nacional aeroportuário", afirmou.

O primeiro-ministro, António Costa, recusou-se hoje a comentar o caso que envolve o ministro das Infraestruturas e da Habitação, afirmando que não fala no estrangeiro de política nacional, e que o comunicado emitido sobre o assunto traduz a sua opinião.

Na quarta-feira foi publicado em Diário da República um despacho assinado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, sobre a "definição de procedimentos relativos ao desenvolvimento da avaliação ambiental estratégica do Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa".

Entre outras medidas, o despacho determinava o "estudo da solução que visa a construção do aeroporto do Montijo, enquanto infraestrutura de transição, e do novo aeroporto `stand alone` no Campo de Tiro de Alcochete, nas suas várias áreas técnicas."

O Ministério das Infraestruturas divulgou no mesmo dia que a nova solução aeroportuária para Lisboa passava pela construção de um novo aeroporto no Montijo até 2026 e por encerrar o aeroporto Humberto Delgado, quando estivesse concluído o de Alcochete, em 2035.

Segundo o Ministério das Infraestruturas, pretendia-se acelerar a construção do aeroporto do Montijo - uma solução para responder ao aumento da procura em Lisboa, que seria complementar ao aeroporto Humberto Delgado.

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