Marcelo afirma que está com Costa contra o "desbaratar" da recuperação financeira

por RTP
Lusa

O Presidente da República afirmou ter a mesma posição do primeiro-ministro quanto às medidas de "justiça social", defendendo que não podem "desbaratar" a recuperação económica e financeira "que deu tanto trabalho" a conquistar.

Questionado sobre as declarações em que o primeiro-ministro defendeu estar contra "a ilusão de que é possível tudo para todos" no que respeita a reivindicações de classes profissionais do setor público, o Presidente da República considerou que é necessário não desperdiçar o esforço dos portugueses.

Ressalvando que não comenta nenhum "processo reivindicativo específico", o chefe de Estado considerou que "há uma evidência: é que a posição do Presidente da República e a posição do primeiro-ministro são iguais, quando se trata de não desbaratar aquilo que deu tanto trabalho aos portugueses".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso salvaguardar "esta recuperação financeira" e "o sacrifício que fizeram para se chegar aonde se chegou em termos de controlo do défice, de diminuição da dívida pública, de credibilidade e prestígio internacionais, de crescimento da economia, de redução do desemprego".

"Eu penso que é isso que o senhor primeiro-ministro quer dizer, e é isso que o Presidente da República pensa, porque corresponde a uma escolha do país. É uma escolha do país, o país percebe que aquilo que for necessário fazer em termos de justiça social deve ser feito, mas sem pôr em risco o que é muito importante e foi conquistado até agora em termos de finanças, de economia e de emprego", acrescentou o Presidente, no final de uma cerimónia na Reitoria da Universidade de Lisboa.

O chefe de Estado acentuou que "deu muito trabalho chegar-se aí" e que "tudo o que venha a ser no futuro decidido não pode pôr em causa esse objetivo fundamental" de manter o equilíbrio financeiro.

"Se não, aquilo que se está aparentemente a dar com uma mão está-se a tirar com várias mãos, e tem um preço futuro muito elevado", advertiu.

O Presidente da República recusou, contudo, associar esta sua posição diretamente às reivindicações dos professores ou a quaisquer outros "casos em particular".

"Esta é uma posição de princípio que este Governo assumiu desde o início, que esteve no Orçamento para 2016, no Orçamento de 2017. E, portanto, eu estou convencido de que está até ao fim da legislatura como uma ideia fundamental do Governo", declarou.
Costa fechou a porta a "ilusão" de "tudo para todos já"
O primeiro-ministro voltou esta terça-feira à carga com a ideia de que “é impossível refazer a história” com a recuperação de carreiras no Estado. Em Tunes, após o Fórum Luso-Tunisino, António Costa acrescentou que “já não existe” a “ilusão de que é possível tudo para todos”.

Questionado sobre as reivindicações crescentes de diferentes sectores públicos, tendo em vista a contabilização dos anos de congelamento das carreiras profissionais, o chefe do Executivo voltou a ser taxativo: “A ilusão de que é possível tudo para todos, já não existe isso”.

“O défice para 2018 está fechado”, assegurou o primeiro-ministro, quando questionado sobre um eventual agravamento da derrapagem orçamental, acima dos estimados 1,1 por cento do PIB.

“Temos de negociar com bom senso, com responsabilidade, procurando responder às ansiedades das pessoas, mas com um princípio fundamental: Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de vista da estabilidade financeira, porque isso, no futuro, colocaria em causa o que foi até agora conquistado”, argumentou Costa.

“Estamos disponíveis para falar com todos, mas é preciso que todos tenham a noção de que é impossível refazer a história. Portanto, vamos falar, vamos seguramente ter em conta na medida das capacidades do país aquilo que são as preocupações das pessoas, mas tem de haver a compreensão de que é possível repor o relógio a andar para a frente, só que não é possível repor o relógio a andar para trás”, insistiu.


c/Lusa



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