Norte de Portugal e Galiza querem apoios comunitários investidos nas PME

por Lusa

Presidentes de câmara da Galiza e Norte de Portugal defenderam hoje, por unanimidade, que os fundos comunitários disponibilizados para a recuperação da crise pandémica devem ser aplicados nos setores produtivos da eurorregião.

A reivindicação foi corroborada por todos os autarcas que integram o Eixo Atlântico e que hoje participaram, em Pontevedra, Galiza, na "Conferência de Presidentes" promovida pela associação transfronteiriça para debater a recuperação da crise provocada pela pandemia.

"Uma das reivindicações unânimes foi o apoio aos setores produtivos do território tanto às pequenas e médias empresas como aos independentes", reforça a nota hoje enviada à imprensa no final do encontro.

O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Vázquez Mao, citado naquele documento, defendeu que "as ajudas comunitárias não podem ir para empresas como a Iberia ou a Vodafone".

"Não são empresas espanholas e o seu capital não é espanhol, é do Reino Unido, país que abandonou a União Europeia (UE). As ajudas devem ir para os empresários e independentes portugueses e galegos", afirmou.

"Espanha não deve atuar como um cavalo de Troia para que o dinheiro da UE vá para empresas inglesas, deve sim investi-lo em quem paga aqui os seus impostos e gera riqueza e com isso mantêm a saúde, a educação e a própria administração pública", reforçou.

Já o presidente do Eixo Atlântico, Ricardo Rio, apontou a cooperação institucional e a ligação à sociedade com uma aposta para a recuperação da crise causada pela pandemia.

O também presidente da Câmara de Braga destacou, citado numa nota hoje enviada à imprensa por aquela autarquia, "a colaboração regional e institucional entre os poderes públicos e maior ligação aos agentes da sociedade civil".

"Neste encontro ficou bem patente a importância da colaboração e partilha de responsabilidades entre poderes públicos a nível local, de cooperação institucional e de envolvimento de todos os agentes da nossa sociedade para podermos potenciar modelos de desenvolvimento mais sustentados, assentes na inovação e, ao mesmo tempo, de envolvimento e de abertura à participação dos cidadãos", referiu Ricardo Rio.

O autarca social-democrata sublinhou ainda "que, na gestão da pandemia, os municípios têm desempenhado um papel decisivo ao manter os serviços em funcionamento e a garantir os serviços sociais essenciais à população".

"Todos nós acreditamos numa eurorregião sem fronteiras, assente num modelo de contínua e intensa colaboração e essa será a melhor maneira de atingirmos dois objetivos que nos são muito caros: aproveitar em pleno todo o nosso potencial e assegurar que não teremos uma eurorregião a diferentes velocidades, sejam elas entre o litoral e o interior ou entre os meios urbanos e os meios rurais, tendo ainda em conta a coesão social", declarou.

O encontro hoje realizado em Pontevedra, que se prolongou durante quase quatro horas, "os presidentes das principais cidades da eurorregião que fazem parte do Eixo Atlântico, debateram com um conjunto de especialistas as principais linhas que devem definir o caminho da reconstrução".

Outra conclusão "unânime" prende-se com o "papel determinante que as cidades e os municípios desempenharam durante a pandemia, cobrindo com os seus próprios recursos" a falta de apoios de outras entidades, nas áreas sanitária, social, educativa, cultural e de motivação da população para resistir ao confinamento.

"São os municípios quem melhor conhecem as necessidades dos seus cidadãos, que reivindicaram um papel protagonista no processo de reconstrução para garantir que contemple e apoie as necessidades dos habitantes das cidades da eurorregião", adianta.

Os responsáveis políticos reclamaram ainda apoio aos territórios de baixa densidade, que "sempre os mais desprotegidos", tendo sido destacadas as dificuldades com que se debate o setor agroalimentar.

O debate destacou ainda "a necessidade de desenvolver a sustentabilidade do território, não só do ponto de vista económico e de qualidade de vida das populações, como na vertente sanitária, e do desenvolvimento de planos de mobilidade, reforçando as políticas públicas de incremento do transporte público, coletivo com vista à redução do uso de veículos individuais.

A criação de emprego, a aposta na investigação e inovação, o reforço das políticas sociais e de saúde pública, da educação e das políticas ambientais, foram outros dos temas abordados na conferência.

Anteriormente em comunicado, o Eixo Atlântico referia ser "a primeira vez que, na Península Ibérica, tanto em Espanha como em Portugal, os 31 presidentes de câmara dos dois países assumem conjuntamente a liderança do processo, reunindo-se para procurar soluções comuns e complementares para "a maior crise que a Europa viveu desde a segunda guerra mundial".

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 941.473 mortos e mais de 29,9 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.888 pessoas dos 66.396 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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