OCDE estima que economia portuguesa abrande ritmo de crescimento até 2021

por RTP
Reuters

A economia vai abrandar nos próximos anos. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento prevê uma desaceleração do crescimento económico para 1,7 por cento até 2021, embora estime um crescimento em 2019 de 1,9 por cento.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) revela que Portugal vai terminar o próximo ano com défice zero. E só em 2021 registará um excedente orçamental.

A OCDE prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) atinja os 1,7 por cento até 2021.

“Apesar da baixa inflação e das condições financeiras favoráveis, o crescimento dos gastos das famílias deve diminuir devido a alguma moderação no crescimento e na estabilização do crescimento e estabilização do emprego”, realça o Economic Outlook divulgado hoje pela OCDE.
As contas do Governo apontam para que esse excedente aconteça já no próximo ano.

A OCDE deixa, no entanto, o aviso de que Portugal não está imune à conjuntura externa. A incerteza sobre o Brexit pode afetar o comércio e o turismo.

Os riscos negativos derivam de uma deterioração adicional das perspetivas da União Europeia.

Segundo a OCDE, o crescimento do consumo diminuirá devido à redução do crescimento salarial. Já o crescimento das exportações será suportado por ganhos de competitividade, apesar dos desafios externos.

A OCDE elogia as reformas estruturais implementadas em Portugal que resultaram de mais emprego e maior competitividade.

“As políticas estruturais podem ajudar a aumentar ainda mais o crescimento da produtividade”, lê-se no relatório das Perspetivas Económicas da ODCE.

A organização alerta ainda para o facto de os bancos continuarem vulneráveis aos elevados níveis de créditos malparados. No último relatório divulgado em maio, a OCDE reviu em baixa a estimativa para o PIB para 1,8 por cento e agravado a previsão do défice para 0,5 por cento.

No relatório de 228 páginas, três das quais dedicadas a Portugal, a OCDE frisa que e “atividade económica permaneceu dinâmica no primeiro semestre de 2019”.

“As exportações diminuíram ligeiramente e a confiança industrial deteriorou-se na segunda metade do ano, refletindo a crescente incerteza sobre as condições e tensões comerciais”, acrescenta o Economic Outlook.

No entanto, “os indicadores de confiança para serviços, consumo e construção estabilizaram, o que indica alguma resistência a desenvolvimentos externos negativos”.

Em relação à política fiscal, a OCDE prevê que “permaneça prudente com um orçamento quase equilibrado entre 2019/2021, o que equivale a uma postura fiscal amplamente neutra”.

Já a dívida pública deverá prosseguir em queda.

“Portugal também necessita de continuar a aumentar o nível de escolaridade da população. A escolaridade continua a melhorar, mas a participação de trabalhadores pouco qualificados ainda é muito elevada”, aconselha o relatório.

A OCDE recomenda por isso uma forte aposta nas escolas profissionais.Economia mundial em “grande desaceleração” Em declarações à RTP3, Álvaro Santos Pereira, diretor do Departamento de estudos da OCDE, recorda que a economia mundial está a sofrer “uma grande desaceleração”.

Há um anos atras estava a crescer cerca de quatro por cento ao ano. Neste momento estamos a prever que vai ser de 2.9 por cento e para o próximo ano, três por cento”, esclareceu.

Segundo Álvaro Santos Pereira, “são as taxas de crescimento mais baixas, desde a crise internacional”.

Em relação à Europa, o diretor do Departamento de estudos da OCDE, prevê que devido à “questão das guerras comercias, das tensões, do Brexit” vá “desacelerar muito”.

“Vamos ter um crescimento na Europa a rondar 1.2, 1.3 por cento”.

Álvaro Santos Pereira realça que a economia portuguesa “como é uma economia aberta” também vai “ser afetada pela conjuntura internacional”.

“E prevemos que este ano vamos ter um crescimento de 1.9 por cento e para o ano cerca de 1.8 e depois, provavelmente, cerca de 1.7 em 2021”.

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