Os 20 maiores bancos europeus declaram um quarto dos seus lucros em paraísos fiscais, com preferência por Luxemburgo, Hong Kong e Irlanda, segundo um estudo da organização britânica Oxfam divulgado esta segunda-feira.
"Apontamos a divergência entre a atividade declarada pelos bancos nos paraísos fiscais e a atividade real que ali têm. É enorme", disse à France Presse Manon Aubry, co-autora do relatório.
Segundo o estudo, são declarados no total "628 milhões de euros (de lucros) em paraísos fiscais onde os bancos não têm qualquer funcionário".
A "utilização abusiva de paraísos fiscais" pode permitir aos bancos "deslocalizar artificialmente os seus lucros para reduzir as contribuições fiscais, facilitar a evasão fiscal dos clientes ou contornar as suas obrigações regulamentares", sublinha a Oxfam.
A Oxfam considera paraísos fiscais os Estados que figuram nas principais listas sobre assunto, incluindo as da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), e acrescenta outros países de acordo com critérios próprios, como uma taxa de imposto baixa.
Os autores do estudo apoiaram-se em dados por país, sendo a sua publicação obrigatória para os bancos da União Europeia por motivos de transparência.
O Luxemburgo, a Irlanda e Hong Kong fazem parte dos paraísos fiscais privilegiados pelos estabelecimentos bancários estudados.
Na Irlanda, cinco bancos - o britânico RBS, o francês Société Générale, o italiano UniCredit e os espanhóis Santander e BBVA - "obtiveram uma rentabilidade superior a 100 por cento e conseguem mais de lucro do que de volume de negócios", sublinha a Oxfam.
Segundo o estudo, a taxa de imposto dos bancos analisados é em média de seis por cento e baixa até dois por cento para alguns bancos "bastante abaixo das taxas normalmente em vigor de 12,5 por cento, o mais baixo da União Europeia".