Pandemia empurra economia de Espanha para contração histórica

por RTP
Foto: Jon Nazca - Reuters

Espanha sofreu a maior quebra de atividade alguma vez registada devido à pandemia da Covid-19. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,2 por cento como consequência das medidas de confinamento adotadas para travar o novo coronavírus.

Desde 1970, quando começaram a ser registados estes dados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Espanha, é a primeira vez que se observam valores tão baixos. O ano que mais se aproximou ao atual foi 2009, marcado pela anterior crise financeira, quando a economia caiu 2,6 por cento – metade dos valores agora registados.

Para se encontrar um colapso da atividade económica no país vizinho semelhante ao atual, teria de se recuar aos anos após a guerra civil do século passado, de acordo com estatísticas de historiadores consultados pelo El Pais.

Entre janeiro e março deste ano, o consumo das famílias contraiu 6,6 por cento, o investimento 5,5 por cento e o setor externo sofreu um golpe histórico devido ao encerramento de fronteiras. Já os gastos foram mais elevados, especialmente devido aos apoios à economia para impedir a falência de empresas e mais despedimentos.

Nos primeiros três meses do ano a despesa pública aumentou 1,8 por cento, o valor mais elevado em 12 anos. Só no que diz respeito a gastos com famílias e instituições sem fins lucrativos, a subida foi de 0,8 por cento – cinco décimas a mais do que no período homólogo do ano passado.

Os setores que registaram menos perdas foram a agricultura e a saúde. Os mais prejudicados foram o comércio, o transporte e a hotelaria, com quedas superiores a dez por cento. A construção, apesar de ter regressado ao ativo antes dos outros setores, também sofreu uma quebra de 6,8 por cento. Nos três trimestres anteriores a este, em 2019, a economia espanhola tinha vindo a registar subidas na ordem dos 0,4 por cento.

A nível de horas de trabalho, o emprego caiu cinco por cento no primeiro trimestre. No entanto, a nível de postos de trabalho a tempo integral, a queda foi de 1,9 por cento.

O INE espanhol esclareceu que a situação provocada pela pandemia faz com que algumas variáveis, entre as quais as horas de trabalho, sejam mais relevantes na altura de calcular a evolução do emprego durante esses meses. “Essa variável, quando comparada com os postos de trabalho equivalentes em horário integral, é a que reflete mais claramente os efeitos da Covid-19 no emprego”, explicou a entidade, citada pelo El Pais.

Depois de conhecidos os dados desanimadores do primeiro trimestre deste ano em Espanha, resta agora aguardar pelos resultados do segundo trimestre, que está prestes a terminar. É expectável que os números sejam ainda piores, pois foi neste período que o desemprego caiu a pique e que a economia parou por completo devido ao elevado número de casos de infeção pelo novo coronavírus.

Para que o país entre oficialmente em crise, os especialistas exigem dois períodos consecutivos de três meses com números negativos, pelo que só daqui a algum tempo, após analisados todos os valores, será confirmado se o estado da situação é tão grave como se pensa. Até agora, as estimativas mais fiáveis para este trimestre são as do Banco de Espanha, que calcula que a economia tenha caído 20 por cento.
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