Edição On-line: José António Fonseca Foto: Mário Cruz, Lusa
O vice primeiro-ministro referiu-se esta terça-feira à solução encontrada pelo Banco de Portugal para o BES como "a mais aceitável" das opções possíveis. Paulo Portas defendeu que nacionalizar seria a pior escolha, porque o contribuinte é que pagaria, tal como "noutras circunstâncias". Negou ainda que tenha havido um Conselho de Ministros "clandestino" para mexer no regime dos bancos de transição.
Em conferência de imprensa, depois de um encontro na capital portuguesa com o ministro moçambicano da Defesa e candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, o número dois do Governo de coligação quis salientar que a fórmula anunciada na noite de domingo pelo governador do Banco de Portugal protege não só os contribuintes, mas também depositantes e trabalhadores do BES.A criação do Novo Banco, resultante da separação dos ativos tóxicos do BES, com capital detido pelo Fundo de Resolução, foi a solução desenhada pelo Banco de Portugal, em articulação com Bruxelas.
Além disso, acentuou Portas, "evita ruturas de crédito à economia no preciso momento em que a economia mais precisa".
O vice-primeiro-ministro tratou ainda de negar que tivesse decorrido qualquer Conselho de Ministros "clandestino", como denunciou o PS, para mudar o regime dos bancos de transição.
"De acordo com a lei e com o regulamento", arguiu Paulo Portas, os ministros podem, através da "facilitação de meios eletrónicos", votar diplomas. "Nada disso tem a ver com clandestinidade", sustentou.
"Não foi a primeira vez"
Eurico Brilhante Dias, do Secretariado Nacional do PS, afirmou ontem que o maior partido da oposição foi surpreendido por um Conselho de Ministros "clandestino", realizado no domingo, no qual foi alterado o regime aplicável aos bancos de transição, no âmbito do dossier do Banco Espírito Santo.
Mais tarde, o ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional saiu a público para sublinhar que estão previstas no regimento do Conselho de Ministros reuniões com votação eletrónica.
"Não foi a primeira vez. É a primeira vez, devido talvez à importância da ocasião, que os senhores jornalistas reparam, mas não foi a primeira vez que foi utilizado", declarou Miguel Poiares Maduro.