Portucel Moçambique assina acordos com instituição do Banco Mundial para "projeto de uma vida"

por Lusa

A Portucel Moçambique assinou hoje um acordo com a Corporação Financeira Internacional (IFC), que visa o envolvimento de técnicos da instituição do Banco Mundial no investimento florestal da empresa no país, descrito como o "projeto de uma vida".

Nos termos do acordo, assinado hoje em Maputo, a IFC (na sigla em inglês) vai aconselhar a Portucel Moçambique "no reforço da sustentabilidade das suas operações florestais" no país, um megaprojeto de produção de pasta de papel e energia, com um investimento associado de 2,3 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros) e uma forte componente de trabalho comunitário.

"O nosso compromisso vê-se, além dos sete mil empregos que vamos criar, pelo facto de sermos uma das poucas empresas, senão a única, que em Moçambique associou ao seu projeto o investimento de 40 milhões de dólares [37,5 milhões de euros] no desenvolvimento comunitário", disse hoje Diogo da Silveira, diretor-executivo do grupo Portucel Soporcel, de que a Portucel Moçambique é subsidiária.

O acordo envolve uma parceria com a IFC, que já é desde dezembro acionista do projeto, com 20%, através da qual uma equipa de técnicos da instituição internacional prestará assessoria durante dois anos no trabalho junto das comunidades, abrangendo 130 mil pessoas nas províncias de Manica e Zambézia.

O montante do acordo envolve uma verba acima de um milhão de dólares (900 mil euros), disse Diogo da Silveira à Lusa, sem avançar o valor preciso, na assessoria da IFC, "que tem muita experiência neste tipo de projetos".

O investimento, hoje descrito pela Portucel Moçambique como "o maior projeto integrado de produção florestal para produção de celulose e energia através de biomassa em África", destina-se integralmente à exportação, com vendas anuais estimadas em mil milhões de dólares (900 milhões de euros), a partir de 2023, o que o torna também, segundo Jin-Yong Cai, diretor-executivo da IFC, "no maior negócio fora dos setores extrativo e de infraestruturas" no país.

Para Diogo da Silveira, é mais do que isso, os 2,3 mil milhões de dólares de investimento correspondem ao valor de capitalização bolsista do grupo, o que faz do negócio em Moçambique "fundamental", ou "o projeto de uma vida".

É ainda um "investimento de longuíssimo prazo e geracional", afirmou, atendendo a que as árvores demoram oito anos a crescer e o retorno do investimento demorará outros 17, pelo que "só vivendo em harmonia com as comunidades é que se consegue".

O diretor-executivo do grupo Portucel Soporcel admitiu à Lusa que "foram tiradas lições de outros projetos", em que a ocupação de terras deu origem a conflitos com as populações, adiantando que a empresa procura sinergias para com novos parceiros para aplicar mais dinheiro nas comunidades.

Segundo as previsões da empresa, o projeto florestal na Zambézia e em Manica terá um impacto económico de 120 milhões de dólares (112 milhões de euros) nas comunidades, que podem esperar uma duplicação dos seus rendimentos.

"Às 24 mil famílias que vivem na área do projeto será assegurada a sua terra para continuarem a fazer a sua agricultura e atividades tradicionais", declarou hoje Pedro Moura, responsável da Portucel Moçambique, acrescentando que, "garantidamente ninguém ficará sem terra".

Para os estudos prévios foram consultadas mais de 20 mil pessoas, de acordo com números divulgados hoje, estando a licença ambiental de Manica já aprovada e a da Zambézia "por dias", de modo a iniciar a segunda fase do projeto, agora vocacionada para a produção de pasta de papel e também de 70 megawatts de energia de biomassa.

O projeto prevê um conceito mosaico, em que convivem no mesmo território a área florestal industrial e a nativa, a atividade agrícola das comunidades, habitações e zonas de proteção ambiental, num total de 60 mil hectares de terras atribuídas para o investimento, dos quais 38 mil são destinados à produção de pasta de papel e energia.

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