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Preço dos combustíveis. Apelos nas redes sociais ao boicote nos abastecimentos

por RTP
Lusa - Arquivo

O Presidente da República avisa que a escalada dos preços da energia e dos combustíveis pode pôr em causa a recuperação económica de Portugal e da Europa. Os preços vão aumentar na próxima semana e nas redes sociais surgem apelos ao boicote aos abastecimentos.

No dia em que o litro da gasolina atingiu os dois euros, um valor recorde, surgiu no Facebook uma página intitulada “Greve aos Combustíveis” que já conseguiu juntar mais de 451 mil membros.

Um dos membros faz um apelo de bloqueio às pontes Vasco da Gama e 25 de abril, uma sugestão que já mereceu mais de 6.5 mil 'gostos' e mais de mil comentários.

"Se estás contra estes preços dos combustíveis participa neste grupo e nas greves aos combustíveis! Temos que deixar de ser este povo "manso" que admite tudo. Convida os teus amigos aderir e vamos fazer a união para que este governo e todo os outro percebam o mal que nos fazem todos os dias!", apelam os organizadores.

Os membros apelam para que ninguém abasteça nos dias: 15, 21 a 22 e 28 a 29 de Outubro 2021.

"Vamos "lutar" sejamos Ricos, classe média ou classe baixa… Todos nós sofremos com isto! E isto podemos controlar! O dinheiro onde gastamos e quando!", apelam.

No entanto, em várias bombas de gasolina por onde as equipas da RTP passaram o apelo não se fez sentir.

Entre os automobilistas há quem soubesse deste movimento e quem nunca tivesse ouvido falar do mesmo. Mas o descontentamento com o preço dos combustiveis é geral.

Quem vive perto da fronteira, há muito que se habituou a ir a Espanha abastecer. O jornalista da RTP, Jorge Esteves, está em Fuentes de Onõro, onde é visível o número de viaturas com matrícula portuguesa a atestar os depósitos.
Em Espanha, o litro do gasóleo é menos 25 cêntimos e menos 35 na gasolina 98.
Transportadoras vão contestar subidas dos preços
Os transportadores de mercadorias preparam-se para definir medidas para responder à escalada dos preços dos combustíveis, mostrando-se desagradados com a posição do Governo.

“[…] Em resposta aos apelos das empresas associadas da ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] foi decidido alterar o tema do congresso anual – que se realizará nos próximos dias 29 e 30 de outubro – de forma a que o mesmo seja centrado na análise e discussão do aumento dos custos com os combustíveis, e, desta forma, dar voz ao universo associativo e, em conjunto, definir as medidas necessárias para responder a esta crise”, apontou, em comunicado.

A associação - que há dois anos parou o país - reuniu de emergência na passada quinta-feira, para debater a escalada do preço dos combustíveis, num encontro onde ficou claro o “profundo desagrado” do setor para com o Governo.

Constituída em 1975, a ANTRAM representa cerca de duas mil empresas nacionais e está presente em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Faro.
Revendedores lamentam que “carga fiscal pesadíssima”
A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec) lamentou que a “carga fiscal pesadíssima” sobre o setor não tenha sido revista na proposta de Orçamento do Estado para 2022, nomeadamente no que diz respeito ao adicional ao ISP.

Numa resposta por escrito, enviada à Lusa, o presidente da direção da Anarec, Francisco Albuquerque, disse que a associação não pode “deixar de lamentar de forma veemente que, numa altura em que se assiste a uma subida abrupta do preço dos combustíveis, e em que o Governo legislou no sentido de ser possível a fixação de margens máximas de comercialização para os combustíveis, a tutela opte por manter em vigor, em 2022, o adicional às taxas do ISP [imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos]”.

A Anarec defende que “a carga fiscal pesadíssima que incide sobre o preço dos combustíveis, e que representa cerca de 60% do preço que o consumidor final paga por cada litro abastecido, tem necessariamente que ser revista”, lamentando que “o Governo não tenha introduzido esta medida no OE do próximo ano”.

“Acresce que, com o devido respeito, a justificação dada pelo Sr. Ministro [Matos Fernandes] para manter-se este adicional não corresponde inteiramente à realidade”, garantiu o dirigente associativo, assegurando que segundo “as palavras do Sr. Ministro, ‘o adicional do ISP é algo que vigora desde 2014 […] e é uma receita que está consignada ao Fundo Florestal Permanente no sentido de ajudar as florestas e a sua resiliência’".

De acordo com Francisco Albuquerque “o Governo prevê arrecadar mais 98 milhões de euros com o adicional às taxas de ISP, sendo que apenas 30 milhões de euros serão consignados ao Fundo”.
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