Presidente da Colombia pede na ONU fim das guerras e aposta em salvar o planeta

por Lusa

O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro Urrego, apelou hoje ao fim das guerras, na Ucrânia mas também da guerra contra o cultivo da droga no seu país, sustentando que é a "corrida irracional ao lucro" que deve ser combatida.

"Ponham fim à guerra e à catástrofe climática" e "tornem possível aos nossos povos viver em paz", pediu o recém-eleito chefe de Estado da Colômbia na sua intervenção na Assembleia Geral (AG) da Organização das Nações Unidas, que reúne esta semana líderes de todo o mundo em Nova Iorque.

"Da América Latina pedimos à Ucrânia e à Rússia que ponham fim à guerra", declarou o chefe de Estado da Colômbia quase a finalizar um discurso que centrou em condenar a ganância e a necessidade de dedicar tempo e dinheiro às pessoas e à natureza em vez de às armas e à guerra.

Qualquer guerra, afirmou, "é uma armadilha" e por isso pediu que toda a América Latina se junte ao apelo que também deixou para "salvar a Amazónia e por fim à guerra da droga".

No caso da guerra contra a plantação de coca, que referiu ter já levado à morte de milhares e à prisão de outros tantos, Petro sustentou que, mais do que destruir essas culturas, que os povos como a Colômbia plantam porque não têm mais nada para cultivar, os países consumidores devem "reformar, solucionar, os problemas que a droga sustenta".

"Escondem o desastre da vossa sociedade com a adição à coca e ao petróleo, e outras drogas que servem para anestesiar", acusou.

"A floresta, o pilar da vida, está a morrer", alertou, apontando que "a guerra serve de desculpa para não haver as medidas necessárias".

"Quando é preciso por dinheiro nos fundos para salvar a humanidade eles inventam guerras, em nome do petróleo e do gás", acusou, criticando também no seu discurso a forma como os países ricos lidam com as pessoas que sofrem de fome e sede, muitas por causa da guerra e muitas outras devido às alterações climáticas.

"Emigram aos milhões e vocês depois tratam-nos como se não fossem humanos. Multiplicaram por cinco aqueles que criam políticas de câmaras de gás e campos de concentração", disse, comparando estes métodos do regime nazi a alguns campos de refugiados e aos muros construídos por alguns países para não deixar os migrantes entrar.

"O desastre climático que matará centenas de milhões não é produzido pelo planeta, é produzido pelo capital, pelo produzir cada vez mais e mais e alguns ganharem mais e mais", repetiu Petro.

A semana de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou na terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.

Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia.

O evento decorre sob o tema "Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados", e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.

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