Presidente da mutualista Montepio diz que eventual apoio público não faz sentido

por Lusa
Lusa

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral disse hoje que não está em cima da mesa o recurso a algum tipo de apoio do Estado, considerando que não faz sentido, e que o banco está equilibrado.

Em conferência de imprensa, hoje em Lisboa, Virgílio Lima afirmou que, neste momento, não faz sentido um eventual apoio público ao grupo, nem para o banco, que "está equilibrado, capitalizado, a gerar resultados, não tem desequilíbrios", nem para a Associação Mutualista Montepio Geral (dona do banco), uma vez que "não é uma entidade de capital".

"Não compreendemos porque é que a questão surge e nessa medida não é uma questão de descartar, é que não compreendemos. Não é que recusamos porque achamos que não ou que não devemos é porque de facto não faz sentido na nossa leitura", vincou.

Já anteriormente, questionado sobre se admitia pedir um empréstimo ao Estado caso haja necessidade de capitalizar significativamente o banco Montepio, o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral afirmou que o banco está capitalizado de acordo com as exigências dos reguladores e que "não são esperadas necessidades acrescidas de capital neste exercício", ou seja, em 2020.

"Relativamente ao futuro as necessidades de capital podem suprir-se por capital puro ou por empréstimos obrigacionistas e esta capacidade o banco continua a ter e os acionistas atuais poderão concorrer para soluções deste tipo que reforçam capital", acrescentou.

Virgílio Lima disse ainda que o banco tem uma "grande capacidade de libertação de capital por via de negociação de ativos improdutivos", já que tem cerca de 2.000 milhões de euros em crédito malparado e imóveis.

A Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, teve prejuízos de 408,8 milhões de euros em 2019, sobretudo devido ao reforço das imparidades para o banco Montepio, que comparam com lucros de 1,6 milhões de euros de 2018.

Já o banco Montepio teve lucros de 5,4 milhões de euros no primeiro trimestre, 17% abaixo de período homólogo, num trimestre em que constituiu 15,5 milhões de euros em imparidades devido ao impacto da covid-19. Os resultados em operações financeiras ascenderam a 15,9 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, quando no mesmo período de 2019 tinham sido negativos em 1,3 milhões de euros, que se devem a ganhos com a alienação de dívida pública e privada feita entre janeiro e março.

Na terça-feira, a agência Fitch cortou ` o rating` do banco Montepio em dois níveis, de B+ para B-, considerando a deterioração dos seus rácios de capital -- apesar de beneficiar da tolerância dos supervisores devido à crise pandémica --, as fracas perspetivas de negócio e os elevados ativos problemáticos em balanço.

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