Presidente do Novo Banco diz que 2020 é o ano de "limpeza" do legado do BES

por Lusa

O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, disse esta sexta-feira que o objetivo de 2020 é "limpar" o balanço do banco e resolver os problemas relacionados com o legado do BES.

"A prioridade este ano é a limpeza de balanço, o desaparecimento do `legacy` [legado do BES] e a resolução dos problemas", disse António Ramalho, na apresentação de resultados de 2019 (prejuízos de 1.058,8 milhões de euros), em Lisboa.

Nessa `limpeza`, destaca-se a redução do crédito malparado, sendo o objetivo passar do rácio atual de 11% do malparado face ao crédito total para 5% (valor de referência do Banco Central Europeu), indicou.

Já questionado sobre se isso significa que o banco só recorrerá ao mecanismo de capital mais uma vez, no início de 2021 face aos resultados de 2020, António Ramalho disse que o futuro do mecanismo contingente é da responsabilidade dos acionistas.

"Sou administrador de um banco que tem até 2026 esse mecanismo, o que quero é que o banco fique limpo em 2020, outra coisa é o mecanismo", disse.

Segundo o gestor, o seu trabalho é "gerir exclusivamente a qualidade dos ativos do banco" e são os acionistas que "podem tomar as decisões que quiserem, de alterar pressupostos do mecanismo".

O Novo Banco divulgou hoje prejuízos de 1.058,8 milhões de euros em 2019, uma diminuição face aos 1.412,6 milhões de euros verificados em 2018.

Com as perdas de 2019 hoje conhecidas, desde agosto de 2014, quando foi criado para ficar com parte da atividade bancária do BES, o Novo Banco já acumula prejuízos de 7.036,3 milhões de euros.

O banco confirmou ainda que vai pedir uma injeção de capital ao Fundo de Resolução de 1.037 milhões de euros, informação já dada esta semana no parlamento pelo presidente do fundo.

O Novo Banco foi criado em agosto 2014 para ficar com ativos e passivos do Banco Espírito Santo (BES), alvo de uma medida de resolução, e desde então tem obtido consecutivamente prejuízos.

Em outubro de 2017 foi vendido em 75% ao fundo norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado, gerido pelo Banco de Portugal) os restantes 25%.

No âmbito da venda, o Estado fez um acordo de capital contingente com a Lone star que prevê a recapitalização do banco pelo Fundo de Resolução para cobrir falhas no capital geradas pelos ativos tóxicos com que o Novo Banco ficou do BES (crédito malparado ou imóveis).

No total, segundo esse acordo, o Fundo de Resolução bancário pode injetar 3,89 mil milhões de euros no banco até 2026.

Referentes a 2017 e 2018, o Novo Banco já recebeu 1.941 milhões de euros, pelo que com mais 1.037 milhões de euros o valor total injetado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco ascenderá a 2.978 milhões de euros.

Uma vez que o Fundo de Resolução não tem dinheiro para fazer face a estas injeções de capital, todos os anos tem recorrido a empréstimos do Estado, o que se repetirá este ano (cerca de 850 milhões de euros).

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