Previsões de crescimento da UE devem ser revistas em baixa, diz João Leão

por Lusa

O ministro das Finanças, João Leão, disse hoje que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia deve levar a uma revisão em baixa nas projeções de crescimento da União Europeia e de Portugal.

"O impacto na economia russa vai ser muito mais forte do que na economia europeia, que é mais forte e de maior dimensão. Depende menos da Rússia. Só há uma grande dependência na parte energética", apontou o ministro das Finanças, João Leão, em declarações à Lusa, após reunião informal de ministros da Economia e Finanças da União Europeia (UE).

De acordo com o governante, a economia europeia deve crescer menos do que o previsto, havendo o entendimento, entre os ministros da Economia e Finanças, de que as "previsões devem ser revistas em baixa".

O ministro português notou ainda ser "natural que em Portugal isso também possa acontecer", ressalvando que continuará a ser um dos países que mais vai crescer ao longo do ano.

"Tudo indica que Portugal vai continuar a ser um dos países que mais cresce na Europa, mas revendo em baixa as previsões que tinha face há um mês atrás. Portugal, apesar de tudo, é dos países menos afetados", sublinhou.

O principal impacto será por via dos preços de energia, embora os restantes preços também possam reagir.

Contudo, mantém-se uma grande incerteza quanto ao desenrolar do conflito, não sendo ainda possível quantificar o impacto nas previsões macroeconómicas.

A Comissão Europeia admitiu hoje que a invasão militar da Ucrânia pela Rússia terá consequências económicas na Europa difíceis de quantificar nesta fase e poderá colocar em questão o anunciado regresso às regras de disciplina orçamental em 2023.

Os ministros das Finanças mostraram-se de acordo com esta decisão, notando ainda que deverá ser reavaliada em maio.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

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