Projeto de 1,3 milhões leva eletricidade a 61 casas e explorações isoladas de Mértola

por Lusa

Mértola, Beja, 21 abr (Lusa) - A eletricidade vai chegar a 61 casas e explorações agrícolas e pecuárias isoladas do concelho alentejano de Mértola, graças a um projeto de eletrificação rural de 1,3 milhões de euros "há muito ambicionado" por habitantes e agricultores.

Trata-se de "um projeto muito importante e há muito ambicionado pelos habitantes e proprietários agrícolas" beneficiários e que irá abranger 61 casas e explorações, disse hoje à agência Lusa Jorge Rosa, presidente da Câmara de Mértola, no distrito de Beja.

"É incompreensível e inacreditável, mas é verdade: em pleno século XXI, em Portugal, um país da União Europeia, ainda há pessoas a viver e a trabalhar sem eletricidade", lamentou.

Segundo o autarca, "é um projeto muito importante não só pela necessidade básica do ser humano de ter eletricidade, mas também porque se está a falar de explorações agrícolas e pecuárias situadas num território rural do interior e de baixa densidade e que sem eletricidade estariam condenadas ao insucesso e ao desaparecimento".

"Mesmo sem eletricidade e com solos pouco produtivos, há ainda famílias, algumas jovens com filhos pequenos, que insistem em manter-se a laborar na zona e, por isso, além de agricultores e criadores de gado, são heróis", disse o autarca.

Nesta lógica, considerou, "de certa forma, a eletrificação é uma forma de reconhecer e premiar o valor, a insistência, o trabalho e a mais-valia destas pessoas para o território".

A eletricidade irá permitir às explorações "desenvolverem os negócios de outra forma" e poderá "potenciar a criação de novos investimentos, nomeadamente na área da agroindústria", disse.

Segundo Jorge Rosa, o projeto vai beneficiar "a esmagadora maioria" das casas e explorações isoladas do concelho que ainda não tem eletricidade, mas, para já, ficam de fora "entre 10 a 15" interessados, que terão de esperar por outra eventual fase.

Trata-se de pessoas que só manifestaram interesse na eletrificação das suas casas ou explorações "recentemente e depois de perceberem que o projeto vai ser uma realidade", explicou.

O projeto vai implicar um investimento total de um milhão e 350 mil euros, cofinanciado em 85% pela empresa EDP Distribuição, a responsável pelo processo de instalação das infraestruturas elétricas, e em 15% pela Câmara de Mértola e pelos beneficiários, precisou o autarca.

Segundo dados prestados à Lusa pela EDP, o projeto, que arrancou em novembro de 2016, vai decorrer em três fases e deverá terminar em dezembro de 2018.

No total, vão ser instalados 30,155 quilómetros de linhas de média tensão, 25 postos de transformação e 27,010 quilómetros de redes de baixa tensão para ligar 61 casas e explorações isoladas à rede elétrica nacional.

A primeira fase do projeto, que arrancou em novembro de 2016 e deverá terminar em setembro deste ano, vai permitir instalar 8,165 quilómetros de linhas de média tensão, sete postos de transformação e 9,630 quilómetros de redes de baixa tensão para ligar 25 casas e explorações.

A segunda fase, que arrancou este mês e deverá terminar em maio de 2018, vai permitir instalar 9,460 quilómetros de linhas de média tensão, oito postos de transformação e 10,885 quilómetros de redes de baixa tensão para ligar 19 casas e explorações.

A terceira fase, que deverá arrancar em dezembro deste ano e terminar um ano depois, vai permitir instalar 12,530 quilómetros de linhas de média tensão, dez postos de transformação e 6,495 quilómetros de redes de baixa tensão para ligar 17 casas e explorações.

No âmbito da primeira fase, já estão instaladas infraestruturas para ligar seis beneficiários à rede elétrica nacional, sendo que a primeira instalação foi hoje ligada em Vale Romeiros com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

A ligação decorreu no âmbito da sessão inaugural da eletrificação rural no concelho de Mértola, que começou na aldeia de Vale do Poço com uma cerimónia também com a presença de Manuel Caldeira Cabral e que incluiu a assinatura de protocolos com os beneficiários do projeto.

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