Quebras acima dos 40% no negócio de árvores no distrito de Coimbra

por Lusa

Lousã, Coimbra, 06 abr 2020 (Lusa) -- O negócio de árvores e plantas ornamentais regista atualmente quebras superiores a 40% devido à pandemia da covid-19, revelou hoje o presidente da Associação de Viveiristas do Distrito de Coimbra (AVDC).

Em declarações à agência Lusa, Eduardo Videira disse que o decréscimo das vendas "atinge 40 a 50%", com incidência em todos os segmentos da atividade, que na primavera tem habitualmente um dos "melhores momentos", com os clientes a terem necessidade de plantar fruteiras, árvores e plantas ornamentais, entre outras.

O volume de negócios do conjunto dos 31 associados da AVDC tem ascendido a cerca de 12 milhões de euros por ano, meta que dificilmente será alcançada em 2020, referiu.

"Este é um dos nossos momentos mais fortes. De julho para diante, não se vende nada, sendo as encomendas retomadas geralmente a partir de outubro", segundo o produtor.

Por exemplo, a empresa de Eduardo Videira, a Viveiros Plancei, com sede no concelho da Lousã, distrito de Coimbra, emprega 12 trabalhadores do quadro, mais oito sazonais nesta época do ano.

"Estou a pensar no que vou fazer daqui a uns meses, se isto continuar assim", afirmou, alegando que a sua firma "costuma movimentar" 450 a 500 mil euros por ano, com a atividade comercial "muito concentrada" nos meses de março, abril, maio e junho.

Grande parte das empresas inscritas na AVDC depende do mercado nacional, enquanto outras associadas têm apostado na exportação.

"Oitenta por cento da minha produção vai para Espanha", disse.

Depois da Itália, o país do mundo com mais vítimas mortais devido à covid-19 (15.887 óbitos até agora, entre 128.948 pessoas infetadas), a Espanha é o segundo estado da Europa mais afetado pelo novo coronavírus, registando 13.055 mortos, em 135.759 casos confirmados até hoje.

Desde os grandes incêndios de 2017, que atingiram diversas explorações, destruindo plantações em campo aberto, estufas e alfaias, designadamente nos concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, os viveiristas enfrentaram, em 2019, as cheias e a praga dos citrinos ("psila africana dos citrinos"), sofrendo avultados prejuízos.

"E agora mais esta", lamentou o presidente da Associação de Viveiristas do Distrito de Coimbra.

Reiterando a "grande preocupação" do setor face ao impacto da atual pandemia, salientou ainda que, com a chegada das festividades cristãs da Semana Santa, verifica-se regularmente um aumento da procura de diferentes plantas ornamentais -- a "flor de época" --, o que desta vez não está a acontecer.

"Na Páscoa, as pessoas gostam sempre de ter alguma coisa no jardim", sublinhou o empresário.

Nessa expectativa, gastou em vão 4.000 euros na importação de orquídeas da Alemanha: "Foi tudo para o lixo".

Entretanto, apesar das incertezas, Eduardo Videira, tal como outros viveiristas da região, continua a modernizar a empresa, designadamente com a construção de novas estufas, um investimento de 250 mil euros que prevê concluir dentro de um mês.

Os 31 viveiristas que integram a AVDC empregam mais de 600 pessoas, segundo o seu presidente.

Eduardo Videira realçou que, em algumas épocas do ano, com o aumento do emprego sazonal para tarefas de enxertia, plantação, tratamento fitossanitário ou arranque de árvores, arbustos e demais espécies, o mesmo universo de empresas poderá movimentar "ao todo mais de 2.000 trabalhadores".

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes por covid-19, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).

Dos infetados, 1.099 estão internados, 270 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 140 doentes que já recuperaram.

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