Recessão na Guiné Equatorial mantém-se pelo menos até final da década

por Lusa

Abidjan, 17 jan (Lusa) - A recessão na Guiné Equatorial está a melhorar mas o crescimento económico vai manter-se negativo pelo menos até ao final da década, estimou hoje o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) nas Perspetivas Económicas sobre África.

O documento, divulgado hoje em Abidjan, a capital económica da Costa da Marfim, lembra que "a Guiné Equatorial teve um crescimento económico muito rápido após a descoberta dos hidrocarbonetos, na década de 1990", mas aponta que "desde 2014, contudo, com a prolongada queda dos preços globais de petróleo e o declínio da produção do país, os grandes excedentes orçamentais que financiaram importantes programas de investimento que ainda hoje perduram têm decaído".

A riqueza produzida no país continuou a diminuir em 2016 e 2017, "e a previsão para 2018 mantém-se desfavorável, prevendo-se que este declínio estabilize a partir de 2019", mas mantendo as contas no `vermelho`.

A descida dos preços do petróleo desde meados de 2014 teve um impacto real nas contas públicas, obrigando o Governo a adiar pagamentos: "Desde 2014, o Governo tem acumulado dívidas em atraso ao setor privado, incluindo pequenas e médias empresas locais e grandes grupos internacionais ativos no país".

Isto impede "o crescimento económico e a criação de emprego, assim como o desenvolvimento do setor financeiro", diz o BAD, concluindo que "para beneficiar verdadeiramente das suas excelentes infraestruturas, o país precisa de melhorar o seu clima empresarial e a sua gestão".

No total do continente africano, o BAD prevê um crescimento de 4,1%, nota que a recuperação tem sido mais rápida nos países não dependentes dos recursos e defende o financiamento do desenvolvimento pela dívida.

"A recuperação do crescimento tem sido mais rápida do que o previsto, particularmente nas economias não dependentes de recursos, sublinhando a resistência de África", lê-se no relatório.

"Estima-se que o crescimento real da produção aumentou 3,6%, em 2017, em relação a um aumento de 2,2%, em 2016, e que registará uma aceleração de 4,1%, em 2018 e 2019", acrescenta o documento, que considera que "a recuperação no crescimento pode assinalar um ponto de viragem nos países exportadores líquidos de produtos de base, nos quais a diminuição continuada dos preços das exportações fez diminuir as receitas das mesmas e agravou os desequilíbrios macroeconómicos".

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