Reserva Federal pode decidir nova subida dos juros apesar de críticas de Trump

por Lusa

O banco central norte-americano pode anunciar na quarta-feira mais uma subida das taxas de juro, apesar da oposição do Presidente Donald Trump ao aumento gradual dos juros nos Estados Unidos.

Hoje, na véspera do início de uma reunião de dois dias da Reserva Federal (Fed), Donald Trump, que tem vindo a criticar a estratégia do banco central norte-americano, voltou a manifestar a sua oposição a um novo aumento, numa mensagem na rede social Twitter.

"É incrível que com um dólar muito forte e praticamente sem inflação, com o mundo a explodir à nossa volta, Paris a arder e a China em trajetória descendente, a Fed possa pensar numa nova subida da taxas de juro", escreveu Trump.

Mas, os economistas esperam que o comité de política monetária da Reserva Federal (Fed) decida um aumento de 25 pontos base para situar a taxa dos fundos federais entre 2,25% e 2,50%.

A grande questão será saber que indicações o banco central vai dar sobre o que fará no próximo ano, tendo em vista as nuvens que ensombram o horizonte.

Se a subida se concretizar, será o quarto aumento das taxas de juro este ano e o nono desde 2015, quando o banco central dos Estados Unidos abandonou a política de taxa zero em vigor durante sete anos.

"Há grandes possibilidades de aumentarem as taxas na quarta-feira. A economia está bem, a inflação atingiu a meta e o mercado laboral está bastante dinâmico", justificou Ryan Sweet, economista da Moody`s Analytics.

O crescimento da economia norte-americana atingiu um ritmo anual de 3,5% no terceiro trimestre.

No entanto, as dúvidas sobre o ritmo da economia e a estratégia monetária da Fed têm agitado os mercados desde outubro.

O economista Joel Naroff, citado pela AFP, defendeu que dez anos após a crise financeira de 2008, é altura de as taxas regressarem ao nível normal e que é por isso que a Fed tem subido os juros. "E deve continuar", acrescentou.

Mas, as nuvens começam a surgir e o presidente da Fed, Jerome Powell, mudou recentemente de tom e abandonou a frase que repetia há meses indicando que "as subidas graduais das taxas" são necessárias.

A guerra comercial lançada por Trump com a aplicação de tarifas alfandegárias punitivas, o fim do impacto no consumo das reduções de impostos aprovadas há um ano, a extrema volatilidade da bolsa e, sobretudo, o abrandamento do crescimento noutros países vão pressionar a maior economia mundial.

"Partilho da ideia que as coisas não parecem tão sólidas como estavam há alguns meses, mas nada é certo", afirmou à AFP Alice Rivlin, antiga vice-presidente da Fed.

A conferência de imprensa de Powell após a reunião é bastante aguardada pelos sinais que poderá dar quanto ao futuro. As novas previsões económicas que serão apresentadas e as projeções quanto a novas subidas das taxas de juro no próximo ano também concentram as atenções dos mercados. Até agora a Fed previra fazer três subidas dos juros em 2019.

Em novembro, Powell deu a entender que os aumentos podem abrandar no próximo ano ao referir que as taxas estão ligeiramente abaixo de um nível "que seria neutro para a economia, sem estimular nem abrandar o crescimento", o que foi interpretado como uma indicação de que já não há margem para grandes subidas.

Sendo esse nível `neutro` difícil de avaliar, alguns economistas consideram que estará entre 2,5% e 3,5%.

"Os comentários dos membros da Fed mostram que estão em vias de repensar de maneira significativa o ritmo das subidas", segundo uma nota da Oxford Economics, que prevê duas subidas dos juros em vez de três no próximo ano.

A partir de 2019, haverá também uma mudança na comunicação da orientação monetária da Fed. Jerome Powell vai explicar aos jornalistas as decisões tomadas após cada uma das reuniões do comité de política monetária, o que não acontece agora.

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