Rio questiona se salários vão ser atualizados pela inflação, Costa remete para "avaliação" com parceiros

por Lusa

O presidente do PSD questionou hoje o primeiro-ministro se vai atualizar os salários de acordo com a inflação, com o primeiro-ministro a remeter para uma "avaliação ao longo do ano" com os parceiros sociais.

Na sua primeira intervenção no debate do Programa do XXIII Governo Constitucional, Rio disse querer tocar nos pontos que separaram os dois partidos na última campanha eleitoral, como a TAP, a questão fiscal ou a política de rendimentos.

Rio recordou que o PSD defendeu a subida do Salário Mínimo Nacional (SMN) de acordo com a inflação e a produtividade, mas alertou que o Governo fixou, no seu programa, um valor para de 900 euros em 2026 para o SMN.

"Rendeu votos seguramente, porque parece muito dinheiro, mas a inflação em Portugal já passou 5% em Portugal e 7% na zona euro", avisou, questionando se o executivo vai ou não atualizar este valor se necessário.

"Se não ajustar, tiramos uma conclusão óbvia: enganou as pessoas. Independentemente de alguns até gostarem de ser enganados", concluiu.

Na mesma linha, Rio quis saber se o Governo prevê atualizar os aumentos previstos de 0,9% para a função pública, alertando que se o Governo levar em conta a inflação e a produtividade inscritas no Programa de Estabilidade terá de haver aumentos de "10,7% só no próximo ano".

Na resposta, o primeiro-ministro disse ser necessário "compreender bem a natureza deste período inflacionista".

"É uma inflação importada que tendencialmente tem uma natureza conjuntural e causas bem precisas. A melhor forma de proteger o poder de compra das famílias é atacar os problemas pela raiz", afirmou, dizendo que é isso que o Governo está a fazer com medidas em áreas como a energia, rações de animais ou fertilizantes.

"Como é que devemos ajustar a política de rendimentos? É algo que temos de ir acompanhando e negociando com os parceiros sociais ao longo deste ano", perguntou e respondeu António Costa.

O primeiro-ministro recordou a condição de economista de Rui Rio para salientar que o risco a evitar "é a contaminação ao conjunto da economia por via da ilusão do aumento salarial deste aumento inflacionista".

"Se se confirmar a natureza iminente conjuntural desta tensão inflacionista, como afirmam várias instituições internacionais, temos de olhar para a política de rendimentos do próximo ano não à luz da tensão ocasional deste ano, mas à luz do que tem de ser o poder de compra que, sustentadamente, temos de garantir às famílias portuguesas, evitando qualquer espiral de inflação", defendeu António Costa.

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