Ryanair acredita que greve dos tripulantes na Páscoa não avança

por Lusa
Rafael Marchante - Reuters

A Ryanair disse hoje acreditar que a greve dos tripulantes de cabine na Páscoa "não avança" por os profissionais estarem "satisfeitos", criticando a atuação do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que marcou a paralisação.

"Acredito que os nossos tripulantes de voo aqui em Portugal estão satisfeitos e, por isso, acho que não vão avançar com a greve na Páscoa", afirmou o diretor executivo desta companhia aérea, Michael O'Leary.

Falando à agência Lusa após uma conferência de imprensa sobre o horário de inverno da Ryanair, em Lisboa, o responsável disse que a companhia ainda não foi "notificada sobre qualquer greve".

"Tudo o que temos é um comunicado de imprensa resultante de uma assembleia-geral (do SNPVAC) de tripulantes de voo, maioritariamente da TAP", indicou.

A reação de Michael O'Leary surge após, na semana passada, os tripulantes de cabine da Ryanair terem decidido convocar até três dias de greve na última quinzena de março e até três dias na primeira quinzena de abril devido às "práticas empresariais que prejudicam gravemente" os direitos dos trabalhadores.

Em assembleia-geral realizada em Lisboa, os tripulantes decidiram mandatar a direção do SNPVAC para "convocar até três dias de greve a realizar na última quinzena do mês de Março e até três dias a realizar na primeira quinzena do mês de Abril de 2018, caso não haja uma alteração imediata e substancial das práticas empresariais que prejudicam gravemente os direitos dos tripulantes de cabine".

Falando sobre as acusações feitas, de que a companhia aérea de baixo custo não cumpre a legislação laboral portuguesa e tem vindo a deteriorar as condições de trabalho nos últimos anos, Michael O'Leary vincou que "as condições até têm vindo a melhorar".

"Os nossos tripulantes de voo estão a ter direito a folgas no final de cada semana e a aumentos nos salários que resultam em mais 25 a 45 euros por ano", destacou, referindo que estes acréscimos são de quase 20%.

Michael O'Leary rejeitou também as acusações de pressões aos trabalhadores da empresa, instando a que, "se existem provas de 'bullying', se apresentem casos".

"Nós não fazemos 'bullying' aos nossos tripulantes de cabine", assegurou.

O responsável da empresa deu conta de que a empresa contratou este ano 800 tripulantes de voo "em boas condições de trabalho e com bons salários", após ter recrutado um total de 2.000 pessoas em 2017 para estas funções.

Michael O'Leary criticou também o facto de SNPVAC ter recentemente recusado reunir-se em Dublin, na Irlanda, onde fica a sede da empresa, e perguntou porque é que, "em vez de divulgar comunicados de imprensa idiotas", esta estrutura não aceitou a reunião.

Ainda assim, o responsável admitiu que, "se a greve for avante, haverá voos cancelados".

"Se avançarem, precisamos que nos digam qual é o problema e o que poderá ser feito. Venham reunir-se connosco em Dublin", vincou.

Aludindo à relação com o Sindicato de Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que convocou uma greve para dezembro e que acabou por ser desconvocada, Michael O'Leary indicou que existem conversações e que a Ryanair aguarda a proposta de contrato coletivo de trabalho.

"Acreditamos que podemos resolver as suas exigências rapidamente", assinalou.

No ano passado, a Ryanair contratou 800 pilotos e pretende aumentar em 20% os salários destes profissionais.

Estes aumentos - aceites por 75% dos pilotos portugueses, segundo a empresa - resultam numa verba de 100 milhões de euros, montante que inclui também os acréscimos nos salários dos tripulantes de cabine.

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