Ryanair. Greve europeia no Verão se empresa não acatar reivindicações dos sindicatos

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Os tripulantes de cabine da Ryanair vão fazer greve durante o verão, se a companhia aérea de baixo custo não acatar as reivindicações acordadas esta terça-feira por vários sindicatos europeus até final de junho.

A decisão de convocar uma "ação industrial, incluindo o recurso à greve", "num dia, num determinado período" foi anunciada depois de uma reunião na sede do SNPVAC - Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, em Lisboa, com vários sindicatos europeus.

Em conferência de imprensa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, informou que entre as condições colocadas à Ryanair está a aplicação da "legislação nacional imperativa" e das mesmas condições laborais para os trabalhadores, incluindo os subcontratados. Outra reivindicação é que a Ryanair não coloque quaisquer restrições antecipadamente para a realização de reuniões.

Assim, se a Ryanair não cumprir as condições, os "sindicatos signatários (CNE/LBC, SITCPLA, SNPVAC, UILTRASPORTI e USO) comprometem-se a iniciar os procedimentos necessários para a convocação de uma ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve, a ter lugar durante o verão de 2018".

Na primeira leitura do comunicado, a dirigente sindical indicou a possibilidade de uma greve europeia ocorrer "durante o mês de julho de 2018".

Respondendo às questões, Luciana Passo sublinhou estar "nas mãos da Ryanair, que tem agora dois meses para decidir o que quer fazer" e os sindicatos terão depois o verão para falar entre si sobre "qual a melhor ação a tomar porque os problemas são iguais e as ações terão que ser iguais".

"Estamos completamente abertos ao diálogo e a transformar aquilo que a Ryanair não quer que são as condições de trabalho dos tripulantes, que precisam e confiam nos sindicatos e são os sindicatos que os vão representar", garantiu.
Sindicato acusa Ryanair
A reunião dos sindicatos europeus contou com a participação de representantes italianos, espanhóis, holandeses, belgas e alemães e acontece depois de os tripulantes de cabine das bases de Portugal terem cumprido três dias não consecutivos de greve na Páscoa.

Na altura, o sindicato criticou a Ryanair por causa do recurso a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação. A polémica levou à atuação da Autoridade para as Condições de Trabalho, que esta tarde se reuniu com o sindicato.

Segundo o sindicato, a reunião com a ACT serviu apenas para esta entidade recolher informações. Foram ainda aprovadas audições parlamentares sobre o caso.

O presidente executivo da Ryanair garantiu a 11 de abril à Lusa a legalidade das suas ações durante a greve e que os trabalhadores da transportadora aérea em Portugal preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.

"Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10 por cento dos nossos voos", notou Michael O'Leary à agência Lusa.

c/ Lusa
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