SATA admite continuar a ter "desequilíbrios operacionais e financeiros significativos"

por Lusa

O grupo SATA reconheceu hoje que a Azores Airlines, ramo da empresa que opera de e para fora dos Açores, continua a "apresentar desequilíbrios operacionais e financeiros significativos", apesar da melhoria dos resultados em 2019.

O grupo revelou hoje que fechou o ano de 2019 com prejuízos de 53 milhões de euros, valor semelhante ao registado em 2018, mas com melhorias em ambas as transportadoras aéreas, quer a Azores Airlines quer a SATA Air Açores, que faz as ligações entre as nove ilhas açorianas.

No que se refere à Azores Airlines, os prejuízos foram de 55,8 milhões de euros, uma melhoria de 7,6 milhões face a 2018, diz a empresa.

Nas notas referentes aos resultados desta transportadora, a administração da SATA sublinha que o resultado líquido foi "fortemente afetado pelos gastos financeiros, que rondaram os 11 milhões de euros (+ 8,5 milhões de euros face a 2018) e pela aplicação de normas contabilísticas" específicas.

O número de passageiros transportados ascendeu a mais de 946 mil, um incremento de 6,3% face ao período homólogo, revela ainda a empresa.

A "contratação de aluguer de aeronave a terceiros (ACMI) por mais tempo do que o estimado", a "imobilização prolongada (por motivos de manutenção de base) da aeronave Airbus A320, o que levou a necessidade de novo reforço adicional da frota da transportadora", e a "necessidade de efetuar manutenções não planeadas na frota" foram outros motivos que pressionaram o resultado líquido negativo.

Decorrente da análise realizada ao contrato de locação do avião Airbus A330, a SATA diz ter procedido ao reconhecimento nas demonstrações financeiras de 2018 de uma provisão e, "com o impacto desta reexpressão, o resultado líquido de 2018 passou para -63,4 milhões de euros", mais dez milhões de euros do que o valor inicial e que segue a linha do resultado de 2019.

Já a SATA Air Açores passou de prejuízos de 2,6 milhões de euros para lucros de dois milhões de euros.

Esta companhia, diz o grupo, tem um "capital próprio de 2,9 milhões de euros que se apresenta estável, face ao verificado no ano anterior".

A empresa do grupo que opera dentro do arquipélago registou também um aumento no número de passageiros transportados, 767 mil (+ 4,7% face a 2018), e no número de voos realizados, "registando em 2019 15.290, mais 2,5% do que em 2018".

"Destacam-se a melhoria dos resultados líquidos e operacionais de ambas as transportadoras aéreas, que compensaram o forte impacto que a dívida e juros da dívida continuam a assumir no exercício do ano. No essencial, a recuperação financeira do grupo SATA está dependente da concretização do plano de recapitalização das empresas, o que permitirá alcançar o seu equilíbrio operacional e financeiro", diz a empresa na nota à imprensa que acompanha os resultados do exercício.

Algumas medidas de reestruturação implementadas em 2019 "foram surtindo efeitos ao longo do ano, tendo sido possível constatar alguma evolução já no início de 2020", advoga a SATA.

Não obstante, "a situação financeira das empresas dos grupo, em particular das duas transportadoras aéreas, está ainda muito longe de ter alcançado o desejável ponto de equilíbrio", reconhece ainda a administração atual da empresa.

Em novembro de 2019, a SATA trocou de presidente executivo, entrando para o lugar o antigo administrador da TAP Luís Rodrigues.

O atual conselho de administração, lembra hoje a empresa, "tomou posse apenas em janeiro 2020, sendo que a análise efetuada às contas do ano transato decorre de um exercício formal e não do conhecimento mais aprofundado das circunstâncias" em que decorreu 2019.

Para 2020, é já referido pela administração o "cenário de crise absolutamente extraordinário provocado pela pandemia" de covid-19 e que "nada tem a ver com a situação presente ou passada" da empresa.

"Esta crise, sem precedentes na história da aviação comercial, exige a tomada de medidas igualmente excecionais, cuja amplitude e eficácia é, ainda, desconhecida. É neste cenário de incerteza quanto ao futuro que nos encontramos. Contudo, a forma como até aqui o Grupo SATA tem superado os desafios que se apresentaram, faz-nos acreditar que não será por falta de empenho, de conhecimento e de combatividade que não travaremos mais esta batalha", concretiza o texto da equipa liderada por Luís Rodrigues.

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