Lisboa, 30 mai (Lusa) -- A Secil defendeu hoje que a responsabilidade social da empresa só será viável com "medidas de gestão que assegurem a sustentabilidade" a longo prazo, numa resposta às exigências dos trabalhadores, que estão em greve.
Num comunicado enviado às redações, a Secil diz que precisa de "tomar medidas que visam a preservação da sua sustentabilidade económico-financeira" tendo em conta a "quebra abrupta" no consumo de cimento a partir de 2007.
A produção da fábrica da Secil no Outão, em Setúbal, está hoje parada por causa da greve dos trabalhadores, que reclamam aumentos salariais e a reposição de direitos laborais inscritos na contratação coletiva.
Em comunicado, a Secil recorda que durante alguns anos a queda no consumo de cimento pôde ser parcialmente compensada pela exportação, mas nos últimos anos, devido à queda do preço do petróleo, os principais mercados de exportação "diminuíram significativamente".
"Por estas razões, a empresa apresentou resultados líquidos negativos em 4 dos últimos 5 exercícios, acumulando cerca de 70 milhões de euros de prejuízos nesse período, o que levou a uma injeção de capital do acionista Semapa de valor avultado", sublinha.
Recorda que a empresa, neste quadro, precisa de "tomar medidas que visam a preservação da sua sustentabilidade económico-financeira", sublinhando que procura "causar o menor impacto possível nos seus colaboradores, assegurando, no essencial, os benefícios e condições salariais já existentes na empresa".
A greve dos trabalhadores da Secil do Outão, que se prolonga por três dias, está a ter uma adesão de 100%, segundo o sindicato.
De acordo com Nuno Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Construção, no ano passado cerca de 80 trabalhadores fizeram um abaixo-assinado exigindo à empresa um aumento salarial de 40 euros por mês, além do cumprimento de outros direitos laborais.
Contudo, acrescenta, a empresa não respondeu e não aceita negociar o caderno reivindicativo, nomeadamente o acordo de empresa, que os trabalhadores dizem não estar a ser cumprido.
A Secil é detida pela Semapa, `holding` que tem como acionista maioritária a família Queiroz Pereira.