Setor privado é fundamental para relançar economia dos países lusófonos

por Lusa

A secretária de Estados dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação defendeu a importância do setor privado para relançar a economia dos países lusófonos no pós-pandemia e argumentou que a cooperação não é apenas financeira.

"A cooperação já não é hoje o que era há uns anos, já não é apenas a ajuda pública ao desenvolvimento, é muito mais do que isso, tem de mobilizar instrumentos que levam ao desenvolvimento económico e trazer todos os parceiros para a tarefa imensa da cooperação, no sentido da construção de um mundo mais sustentável e um relacionamento diferente", disse Teresa Ribeiro, na intervenção durante a sessão de apresentação pública do livro que reúne as comunicações do primeiro Fórum dos Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, em Lisboa.

"As parcerias são essenciais para darmos respostas aos desafios, sobretudo agora em tempo de pandemia", disse a governante, vincando que "não chega envolver os parceiros tradicionais de cooperação, como as Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento (ONGD), é absolutamente indispensável trazer o setor privado para a tarefa gigantesca da cooperação".

De acordo com Teresa Ribeiro, existe uma forte lacuna de financiamento para o desenvolvimento, que só é colmatável com os investimentos do setor privado, já que as finanças públicas dos Estados estão ainda mais debilitadas com a necessidade de mobilizar recursos para o combate à pandemia.

"Para concretizar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são precisos entre 3,5 a 5,5 biliões de dólares [2,9 a a 4,6 biliões de euros], mas o que temos hoje em matéria de ajuda pública ao desenvolvimento é 175 mil milhões de dólares [147,3 mil milhões de euros], portanto há um `gap` enorme entre o que precisamos e o que temos, por isso não podemos apenas recorrer às formas tradicionais de financiamento e daí a presença dos economistas ser tão importante, porque é preciso pensar em soluções que nos ajudem a suprir esta lacuna", concluiu a governante.

O economista António Mendonça, membro da comissão instaladora da Associação Lusófona de Economia, salientou à Lusa que o objetivo da associação "de economia e não só de economistas é promover debate sobre matérias económicas, promover a cooperação, a qualidade do ensino de economia nos nossos países e promover ainda princípios e valores de ética, exigência e responsabilidade profissional".

António Mendonça explicou que antes da pandemia, estava previsto que, depois do primeiro Fórum na Cidade da Praia, em Cabo Verde, o segundo decorresse em 2021 em Angola e o terceiro em Timor-Leste, no ano seguinte.

"O segundo encontro deverá ter como tema central a covid-19 e os efeitos económicos e como a cooperação permite dar resposta aos problemas económicas nos países lusófonos", disse o também antigo ministro das Obras Públicas.

África registou 252 mortos devido à covid-19 nas últimas 24 horas, para um total de 33.047 óbitos, e tem um acumulado de 1.365.689 infetados, segundo os números mais recentes da pandemia no continente.

Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas registaram-se, nos 55 Estados-membros da organização, mais 5.865 novos casos de infeção e mais 9.554 pessoas recuperaram, para um total de 1.116.545.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito em 14 de fevereiro e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 929.391 mortos e mais de 29,3 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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