Sindicalistas internacionais pedem à presidente do Santander solução que evite despedimentos

por Lusa

Vários líderes sindicais internacionais corresponderam a um apelo da UGT e enviaram hoje uma carta à presidente executiva do Grupo Santander em Madrid, a pedir-lhe que discuta com os sindicatos portugueses uma solução que evite os despedimentos anunciados.

"Instamo-la a encetar um verdadeiro diálogo com os sindicatos portugueses em questão e a continuar a procura de uma solução oportuna e mutuamente negociável no respeito pelos direitos dos trabalhadores, protegendo os seus empregos e condições de trabalho", diz a carta enviada a Ana Botín-Sanz.

A UGT enviou na semana passada uma carta aos líderes das principais organizações sindicais internacionais onde está filiada, apelando ao seu apoio na luta dos trabalhadores bancários portugueses contra os despedimentos no BCP e no Santander Totta.

Na sequência desse apelo, os secretários-gerais da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), da Confederação Sindical Internacional (CSI), da Federação Sindical Global (UNI) e da sua organização europeia, que representam sindicatos dos serviços, nomeadamente da banca, enviaram uma carta à presidente do grupo Santander em Madrid, Ana Botín-Sanz de Sautuola y O`Shea, pedindo uma tomada de posição do grupo face à intenção de despedimento de que são alvo os trabalhadores bancários portugueses.

Na missiva lembram que desde setembro de 2020, os sindicatos bancários portugueses filiados na UGT (Mais Sindicato/Sindicato do Setor Financeiro, Sindicato dos Bancários do Centro e Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal), têm estado em conflito com o Santander Totta (BST).

Os sindicalistas internacionais referem que, no último ano, os trabalhadores do Santander em Portugal foram sujeitos a ameaças e pressões para aceitarem a rescisão dos seus contratos de trabalho e estão agora confrontados com os procedimentos para um despedimento coletivo.

"Expressamos a nossa profunda preocupação com o comportamento contínuo do Banco Santander em Portugal. Com o pretexto da pandemia de covid-19 e a aceleração na utilização de ferramentas digitais, o banco mostra um total desrespeito pelo bem-estar dos seus trabalhadores, avançando com os seus planos de reestruturação, independentemente dos apelos sindicais para uma abordagem ponderada. Tal situação mina os princípios básicos do diálogo social e deixa em risco de desemprego centenas de trabalhadores durante tempos de precariedade", dizem os subscritores da carta.

Os sindicatos do setor bancário disseram há uma semana que marcariam uma greve conjunta, ainda em setembro, se BCP e Santander Totta mantivessem a intenção de fazer despedimentos.

Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores este ano (depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020), sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais `agressivos`, nomeadamente intenção de despedimentos coletivos.

O Santander anunciou numa nota interna, em 20 de agosto, que não conseguiu chegar a acordo para a saída de 350 trabalhadores, de um total de 685 inicialmente previstos, e irá avançar com um processo de redução de pessoal "unilateral e formal" a partir de setembro.

Os sindicatos têm acusado os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os estão a forçar a aceitar sair por rescisão ou por reforma antecipada.

Os sindicatos também se têm reunido com o poder político, nomeadamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, grupos parlamentares e governantes, para pedir a sua intervenção contra os despedimentos.

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