Sindicatos árabes apostam no reforço da unidade

por Lusa

Lisboa, 24 abr (Lusa) - Os sindicatos do norte de África e países árabes têm intensificado a defesa dos trabalhadores para compensar os efeitos das crises e conflitos regionais e consideram que o futuro do movimento sindical passa pelo reforço da unidade nacional e internacional.

"É altura de amplificar o nosso trabalho, para tentar inverter os efeitos do terrorismo e do fundamentalismo, que têm levado ao aumento do desemprego e da pobreza", disse à agência Lusa Ghassan Ghosn, secretário-geral da Confederação Internacional dos Sindicatos Árabes (CISA).

Segundo o sindicalista "é altura dos governos [da sua zona de intervenção] darem alguma coisa aos trabalhadores, que lutam por melhores salários, direitos e justiça. Para evitar que as pessoas se tornem mais agressivas".

"Por tudo o que se passa no Médio Oriente, somos obrigados a lutar mais em prol dos trabalhadores", disse, explicando que a CISA tem pressionado os sindicatos e os governo para que discutam com os trabalhadores os seus direitos.

Ghassan Ghosn salientou o papel da CISA na promoção do diálogo tripartido nos países árabes e do norte de África usando, nomeadamente, o facto de estar representada nos comités da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

"Temos conseguido discutir aumentos salariais e direitos sociais e temos tentado forçar a discussão tripartida, fazendo ver aos governos e aos empregadores que o diálogo é a melhor forma de evitar extremismos", disse em entrevista à Lusa.

Ao mesmo tempo a atuação dos sindicatos tem levado os trabalhadores a perceber que "a unidade é sempre a melhor opção para conseguirem resposta às suas reivindicações".

"O futuro dos sindicatos está na unidade, tanto a nível nacional como internacional, pois só assim será possível dar mais força aos trabalhadores, para enfrentarem os empregadores, que normalmente têm o apoio dos governos", afirmou o líder da confederação internacional.

O sindicalista considerou que os sindicatos são cada vez mais necessários naquela região do mundo, pois "são a única alternativa que os trabalhadores têm para não perder tudo, nomeadamente as novas gerações, que ainda estão sujeitas a maiores injustiças".

"Os sindicatos têm-se tornado mais fortes, para irem para a rua e para fazerem greves, no fundo para protegerem a democracia", acrescentou, lembrando greves que têm sido feitas na Argélia e no Koweit.

Explicou que na Síria não têm sido feitas greves porque os trabalhadores entendem, tendo em conta a conjuntura, que "não é altura para isso".

No entanto, nos últimos 3 anos, os salários cresceram cerca de 50% na Síria, para fazer face ao aumento da inflação.

Ao mesmo tempo as empresas também aumentaram proporcionalmente o preço dos seus produtos.

Ghassan Ghosn está em Portugal a convite da CGTP-In, em representação da CISA, e vai ser hoje recebido na Assembleia da República, pela Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.

A CISA agrega as principais centrais sindicais do Médio Oriente e norte de África, nomeadamente da Argélia, Marrocos, Libano, Egito, Irão e Iraque.

A confederação, que está sedeada na Síria, em Damasco, representa cerca de cem milhões de trabalhadores.

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