Standard & Poor`s mantém `rating` de Moçambique no `lixo`

por Lusa

A agência de notação financeira Standard & Poor`s (S&P) decidiu hoje manter o `rating` de Moçambique em CCC+, abaixo da recomendação de investimento (`lixo`), com perspetiva de evolução estável, prevendo uma aceleração na retoma económica em 2022.

Na nota que acompanha a decisão de `rating `CCC+/C` em moeda estrangeira, de longo e curto prazo, os analistas da S&P afirmam que a perspetiva de evolução estável reflete o equilíbrio entre os riscos associados aos grandes défices externos e orçamentais de Moçambique contra a melhoria do crescimento económico para além deste ano, apoiado por grandes investimentos nos setores extrativos.

O nível de CCC+ é o terceiro mais baixo na escala sobre a qualidade do crédito soberano, sendo considerado `lixo` ou `junk` por estar vários níveis abaixo do patamar da recomendação de investimento.

No entanto, os analistas da S&P asseguram o `rating` `B-/B` de crédito de emissor em moeda local, de longo e curto prazo, para a economia moçambicana.

Num cenário positivo, os analistas adiantam poder ser considerado o aumento da classificação "nos próximos 6-12 meses, se as perspetivas de crescimento económico de Moçambique melhorassem, os riscos políticos diminuíssem como resultado das taxas de vacinação [contra a covid-19] aceleradas e com a retoma sustentável dos projetos de GNL [Gás natural liquefeito]".

"Apesar de os rácios de crédito - incluindo a dívida em relação ao PIB - e os amplos défices orçamentais continuarem a levantar questões sobre a capacidade de serviço da dívida a longo prazo de Moçambique, esperamos que o país possa cumprir as suas obrigações nos próximos 12 meses", sustentam os analistas.

Apresentando também o cenário negativo, os analistas dizem que as classificações podem descer, nos próximos 12 meses, se o desempenho económico de Moçambique enfraquecer substancialmente, por exemplo, devido "aos riscos de insurgência persistentes que poderiam afetar de forma adversa grandes projetos de gás".

"Moçambique enfrenta vários desafios relacionados com a pandemia da covid-19, enquanto os recentes eventos meteorológicos extremos prejudicam as perspetivas de crescimento do país", lembram.

Todavia, acrescentam, "a atividade económica deve recuperar em 2021, perante desafios ambientais, de segurança e sociais consideráveis, e acelerar de 4% em 2022 para normalizar em 5,5% em 2024".

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