Taxas americanas. União Europeia pronta a retaliar

por RTP
François Lenoir - Reuters

O vice-presidente da Comissão Europeia garantiu esta sexta-feira que a União está pronta a implementar medidas de retaliação contra as taxas que Trump decidiu aplicar às importações de aço e alumínio, tal como avançar com uma queixa contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio. A União Europeia garante, no entanto, que vai primeiro privilegiar o “diálogo” com Washington.

“Estamos prontos e estaremos prontos para usar, se necessário, medidas de reequilíbrio” sobre produtos americanos emblemáticos como calças de ganga ou manteiga de amendoim, declarou Jyrki Katainen numa conferência de imprensa em Bruxelas.

No entanto, o vice-presidente da Comissão Europeia garantiu que “o primeiro objetivo é dialogar com os Estados Unidos para tentar evitar todos os danos colaterais”.

A União Europeia já tem preparada há vários dias uma lista com vários produtos, desde vestuário a maquilhagem, alimentos ou viaturas, cuja importação poderá vir a taxas fortemente em resposta à decisão de Trump. “Esperamos que não sejamos obrigados a fazê-lo”, disse Katainen.

O Presidente norte-americano assinou o decreto que vai taxar as importações de aço (25 por cento) e alumínio (10 por cento), cumprindo uma promessa eleitoral feita aos mineiros. As novas tarifas entram em vigor dentro de 15 dias e só o Canadá e o México estão, para já, isentos de pagamento, mas a Casa Branca abre a porta a negociações com mais países. Donald Trump diz que a medida dá segurança aos Estados Unidos, mas o argumento não convence o próprio Partido Republicano.

“Pretendemos que a União Europeia seja vista como um bloco comercial”, diz Katainen. O que significa que não será aceite uma decisão de isentar um ou vários Estados-membros, sem que a totalidade da União Europeia tenha as mesmas isenções.

“Não queremos uma divisão entre Estados-membros”, insistiu, acrescentando que Donald Trump não foi “muito claro” sobre quais as excepções possíveis à medida.

A Comissão Europeia diz ainda estar preparada para apresentar queixa contra os Estados Unidos, na Organização Mundial do Comércio, se a Casa Branca não retroceder nas taxas sobre o aço e o alumínio.

Para sábado está agendada uma reunião, em Bruxelas, entre a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, e o representante dos EUA para o Comércio Externo, Robert Lighthizer.

Na quinta-feira, Cecilia Malmström tinha já adiantado que Bruxelas se prepara para taxar as importações de manteiga de amendoim, sumo de laranja, arandos e 'bourbon'.

Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu os Estados Unidos da América de que as guerras comerciais "são más e fáceis de perder", numa resposta a um tweet de Trump em que o Presidente norte-americano dizia que as "guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar".
Merkel inquieta
A chanceler alemã Angela Merkel veio já esta sexta-feira dizer que está “inquieta” e apelou ao diálogo para evitar uma guerra comercial porque “ninguém ganhará nesse processo”.

A ministra alemã da Economia, Brigitte Zypries, já tinha denunciado horas antes o "protecionismo" das taxas às importações anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, considerando-as uma afronta.

"É protecionismo, é uma afronta aos parceiros estreitos que representam a União Europeia e a Alemanha e ao livre-câmbio", denunciou Zypries depois da imposição por Trump de taxas às importações de aço e de alumínio e do ataque contra Berlim.

"Trump está a barricar o seu país contra a opinião do seu partido, de numerosas empresas e de economistas", adiantou a ministra no comunicado, prometendo "uma resposta clara, equilibrada e coordenada com a Comissão Europeia".

O Presidente norte-americano apontou o dedo à Alemanha sobre a questão das trocas comerciais, associando as suas críticas às despesas muito débeis aos seus olhos da Alemanha em matéria de defesa no seio da Nato.

"Nós temos amigos e também inimigos que lucraram enormemente à nossa conta há anos no comércio e na defesa", declarou Trump. "Se se olhar para a NATO, a Alemanha paga 1% e nós pagamos 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) muito mais elevado. Não é justo", adiantou.

c/ Lusa
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