Tecnologias poluentes e em mercado serão prioritárias na venda de ativos, diz Mexia

por Lusa

O presidente da EDP explicou hoje que a alienação de 2.000 milhões de euros em ativos na Península Ibérica em 18 meses abrange centrais térmicas, mas pode incluir hídricas, sendo prioridade reduzir "as tecnologias mais poluentes".

No plano estratégico da EDP 2019-22, apresentado hoje aos investidores e analistas em Londres, a elétrica refere a intenção de encaixar mais de 2.000 milhões de euros com a venda de negócios não estratégicos para o grupo nos próximos 18 meses, identificando sobretudo ativos em mercado e centrais térmicas em Portugal e Espanha.

"Dentro das vendas de 2.000 milhões de euros, vai ser um `mix` provavelmente. A nossa prioridade é que reduza a exposição a mercado, mas tem que ter alguma dimensão porque é um contributo para reduzir a dívida, mas poderá não ser só térmica", afirmou António Mexia, em conferência de imprensa, em Londres.

Adiantando que o `mix` de tecnologias e de ativos será definido até ao final do ano, o presidente da EDP referiu que a alienação de ativos pretende "começar pela redução de tecnologias mais poluentes" e que a elétrica não fez "ainda o Tratado de Tordesilhas entre ativos [a alienar] em Portugal e em Espanha".

"Estamos a redimensionar a companhia com reequilíbrio dos ativos para desenvolver projetos na área das renováveis -- água, sol e vento", acrescentou.

Em relação à rotação de ativos, que deverá render cerca de 4.000 milhões de euros nos próximos quatro anos, Mexia adiantou que a estratégia será mais arrojada do que nos últimos anos, uma vez que a empresa passará da venda "só de posições minoritárias para vendas de participações maioritárias, o que reduz o risco, permite acelerar o crescimento, fazer mais projetos ao mesmo tempo".

Desde 2012, a empresa encaixou 3.100 milhões de euros com esta estratégia, o que o gestor considerou ser "um bom indicador".

O administrador da EDP João Manso Neto explicou que "um dos objetivos, se possível, é manter ligação industrial [ao projeto a alienar], isto é, fazer operação e manutenção", referindo que alguns investidores exigem uma posição minoritária para manter essa ligação, considerando que "20% é um valor razoável, uma boa base".

"Mas estamos dispostos a vender tudo se o preço for bom ou se conseguirmos manter a operação e manutenção. O objetivo é permitir um crescimento acelerado", acrescentou.

Na conferência de imprensa, questionado sobre um desinvestimento em Portugal, António Mexia disse que o mercado português tem hoje muitas oportunidades, referindo que são necessários "23 mil milhões de euros em Portugal para a transição energética".

"Nós sempre fomos muito comprometidos com o investimento em Portugal. Muitos biliões depois, o final de 2017, início de 2018, foi muito difícil com a introdução de medidas com que nunca concordámos. A questão da estabilidade das regras é fundamental", ironizou.

Depois da remodelação governamental em outubro, a EDP aproveitou o desbloqueamento do processo para o sobreequipamento de parques eólicos, que o atual executivo implementou, para avançar com quatro pedidos, num total de 14 MW (megawatts), adiantou Manso Neto, acrescentando que a empresa está interessada nos leilões de potência solar que o atual ministro da Transição Energética, Matos Fernandes, anunciou.

Na apresentação aos analistas, António Mexia referiu que "a EDP está numa boa posição para capitalizar a transição energética", referindo a meta de ter 90% de produção renovável em 2030, valor que compara com 66% em 2018.

A EDP anunciou hoje que pretende investir 2.900 milhões de euros por ano até 2022, o que representa um reforço de cerca de 60% face ao plano de investimento anterior.

De acordo com o plano estratégico enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa refere que 5% do investimento previsto para os próximos quatros anos será em energias renováveis.

Os Estados Unidos serão o principal destino do investimento (40%), seguido pela Europa (35%) e Brasil (25%).

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