Tecnológicas portuguesas em feira Gitex no Dubai à procura de novas oportunidades na região

por Lusa

Quatro tecnológicas portuguesas marcam resença na maior feira de tecnologia do Dubai, a Gitex, numa missão liderada pela ANJE, em busca de novas oportunidades na região, e há quem aponte este evento como melhor que a Web Summit.

A Gitex Global, que arrancou no Dubai no dia 17 e termina na quinta-feira, é considerada a maior feira de tecnologias da região.

A Lusa visitou a feira e falou com quatro empresas - Adyta, Future Compta, My Lads e Omniflow - que participaram numa organização realizada pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários.

Em declarações à Lusa, o presidente executivo da Adyta, Carlos Carvalho faz um balanço positivo da sua participação na feira.

"A Adyta é uma empresa que trabalha na área de cibersegurança e comunicações seguras, nasceu de projetos de investigação e desenvolvimento na Universidade do Porto, em concreto na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto", conta.

As áreas em que a empresa se foca são a ciberegurança (onde se inclui testes de segurança, consultoria) e também soluções de comunicação segura.

Neste âmbito, "desenvolvemos uma aplicação que permite a comunicação de voz e mensagem encriptada e estamos também a entrar na área das comunicações seguras em ambiente IoT [Internet das Coisas] para `smart cities` [cidades inteligentes", diz o gestor, que também é membro da direção da ANJE.

Com presença na Gitex Dubai 2021, a Adyta espera "fisgar outros mercados", salienta.

"Neste momento ainda somos uma empresa que está muito concentrada no mercado português, mas, atendendo àquilo que nós fazemos, temos uma clara noção que o mercado é global e portanto queremos ir para todo o lado", sublinha Carlos Carvalho.

Sobre a presença da empresa neste certame, o presidente executivo destaca como "muito positiva".

Isto porque "temos tido vários contactos, quer de entidades locais, portanto aqui do Dubai, como de países não só do Médio Oriente, mas curiosamente até alguns países do leste europeu, que nos têm procurado quer enquanto clientes finais, quer enquanto possibilidade de parceria, para nos ajudar a entrar nesses mercados", relata.

"Também achei curioso que várias entidades governamentais do próprio Dubai agendaram já connosco reuniões, interessados naquilo que nós estamos a fazer em Portugal. É algo que nos deixa satisfeitos e motivados para continuar", admite Carlos Carvalho.

O responsável está confiante de que a entrada no Dubai da Adyta, criada em 2015, possa acontecer em breve.

"somos uma empresa criada sem recurso a investimento externo, sem capital de risco porque, como lidamos com informação, que é muita vez sensível, procuramos ter uma soberania diferente daquilo que é comum" nas `startups`, diz.

Questionado sobre se o facto de Portugal participar na Expo 2020 Dubai dá um contributo para ajudar as empresas portuguesas presentes na Gitex, é perentório: "Eu não tenho dúvidas de que dá".

Aliás, "quanto mais empresas se juntarem e aparecermos como equipa neste tipo de eventos, ajuda. Portugal tem boa imagem, sinto que as pessoas respeitam Portugal, gostam (...), acho que temos é que conseguir capitalizar mais isso. Não digo que não o tenhamos feito", mas "nesta altura em que precisamos de apostar na retoma, depois destes períodos difíceis de covid, acho muito importante que as empresas venham e participem e que haja também um apoio mais centralizado deste tipo de ações".

Aqui, na Gitex, "estamos com a ANJE e é positivo carregarmos esta bandeira de Portugal, mostrarmos o que fazemos e não ficamos nada atrás do que fazem os outros países", rematou.

Também Tiago Andrade, vice-presidente para a área de produtos digitais da Future Compta marca presença pela primeira vez nesta feira.

"É uma região estratégica para nós, o `Middle East` [Médio Oriente] e África, achamos que o Dubai é o sítio certo para estar" e a Gitex "é a maior feira de tecnologia do Médio Oriente, região que abarca a África e também a região da Ásia", salienta.

A sua presença na feira "está a correr bem", tendo contactos com muitos distribuidores que pretendem distribuir os produtos da empresa portuguesa, os quais "são todos orientados para área de eficiência, seja energética, resíduos sólidos urbanos", onde se afirmam líderes em Portugal, e na parte da deteção de incêndios florestais e industriais, "aqui [no Dubai] mais industriais".

A Future Compta procura parcerias, distribuidores, mas está sempre aberta a oportunidades de investimento.

"Nós por dia fazemos cerca de 50/60 contactos, o que é interessante numa feira destas. É melhor, na minha opinião, que a Web Summit", refere.

A Future Compta posiciona-se como "uma empresa IoT líder, vimos nesta feira que não temos produtos concorrenciais aos nossos, o que é ótimo, estamos no sítio certo para fazer a diferença", remata.

Também a My Lads, negócio que consiste numa ferramenta de `engagement` que liga os fãs aos clubes de futebol e às federações, marcou presença pela primeira vez na feira do Dubai.

"Começámos no mercado de futebol, mas na realidade a tecnologia pode ser aplicada a diferentes mercados. No caso do mercado de futebol o que nós tentamos fazer é diminuir esse `gap` que existe entre as equipas e os fãs porque normalmente acabam por estar mais presentes em dias de jogo ou datas especiais e nós tentamos fazer um `engagement` o ano todo", explicou Dulce Guarda, `Chief Growth Officer` (CGO), responsável pela área de crescimento da empresa e cofundadora.

"Os nossos colecionáveis estão sempre ligados à realidade aumentada que o fã pode ter acesso no seu telemóvel. Em qualquer sítio, esteja onde estiver, pode tirar fotografias com o jogador, visitar o estádio, todas as áreas privadas, ficar a conhecer tudo o que existe dentro do clube da sua eleição ou federação da sua preferência, e partilhar essa informação com todos os seus amigos e familiares", explica

O negócio arrancou em 2020, primeiro com o Benfica, depois veio a pandemia e fecharam com o Sporting Clube de Portugal e a Federação Portuguesa de Futebol (PF). Agora, já estão a começar com o Futebol Clube do Porto e Atlético de Madrid.

"Estamos em negociações com cerca de 30 clubes e federações, algumas assinadas já, a preparar o mundial do Qatar", refere.

Neste momento, a My Lads vende o produto físico ainda em Portugal, mas tem contratos assinados com a América do Sul, Espanha e também vai começar no Reindo Unido.

A participação na feira "tem sido boa, um dos nossos investidores também está presente aqui nesta região, acaba por ser interessante para nós estarmos presentes nesta feira também para começarmos exatamente a trabalhar o mundial no próximo ano", acrescenta Dulce Guarda.

O produto da My Lads também pode ser aplicado ao `branding`, portanto marcas que queiram por exemplo patrocinar uma das equipas ou algumas das experiências.

"Temos falado com pessoas muito interessantes na área de telecomunicações, mesmo a nível de outros mercados aqui da região, que estão interessados em aplicar a tecnologia de realidade aumentada nos seus negócios", conta.

A empresa espera começar o negócio no Dubai ainda este ano.

E que outros mercados? "Em princípio também Arábia Saudita, já tivemos aqui contactos da Arábia Saudita muito interessantes e Qatar, além dos Emirados Árabes Unidos".

No seu leque de produtos, a empresa tem Cristiano Ronaldo, através da FPF.

"É um dos nossos parceiros oficiais e temos o colecionável do Cristiano Ronaldo e também a experiência associada à realidade aumentada", refere.

"Para o próximo ano, queremos estar pelo menos nos três primeiros clubes `top` de cada país estratégico para nós: nomeadamente clubes europeus e também começar já nos Estados Unidos e depois a nível de parcerias com `branding`. Queremos também começar já a fechar estas parcerias, por exemplo com `sponsors` oficiais das equipas, que acabam por monetizar o projeto", salienta.

"Neste momento, para as empresas aqui na Gitex não houve grande relação [com o Pavilhão Portugal] porque a Expo acaba por ficar ainda longe fisicamente do espaço Gitex, mas acaba por ser interessante ter pessoas que vêm visitar a Expo e acabam por estar mais uns dias e visitar também a Gitex. Portanto, isso acaba por ter algum impacto, mas não talvez direto a nível de negócio", refere.

Por sua vez, a Omniflow é a única empresa que já tinha marcado presença numa Gitex.

"Nós já cá estivemos no passado, mais como `startup`, agora estamos numa parte mais de `business`, portanto esta presença é muito diferente" do que tivemos no passado, afirma Paulo Guedes, CGO da tecnológica portuguesa. "Neste momento, estamos aqui a tentar alavancar os contactos que já temos nesta região", adianta.

"A Omniflow criou uma plataforma sustentável para as cidades poderem criar os seus serviços inteligentes", na energia e com integração de serviços, diz Guedes.

"O Dubai é uma ponte para toda esta região, é uma zona onde evidentemente é fácil expormo-nos à Arábia Saudita e toda a zona do Golfo, permite-nos criar elos de ligação com essas regiões e com parceiros importantes", remata.

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