Total conclui angariação de 14.900 milhões de dólares para gás do norte de Moçambique

por Lusa

A petrolífera francesa Total anunciou hoje ter concluído a angariação de um financiamento de 14.900 milhões de dólares (13.000 milhões de euros) para o projeto de gás natural liquefeito (GNL) do norte de Moçambique.

"O financiamento do projeto é de 14.900 milhões de dólares, o maior jamais registado em África, e inclui empréstimos diretos e cobertos de oito agências de crédito à exportação, 19 instituições bancárias comerciais e um empréstimo do Banco Africano de Desenvolvimento", refere a empresa em comunicado.

Os custos do projeto serão financiados através de uma combinação de capitais próprios e destes empréstimos, hoje fechados.

O projeto Mozambique LNG representa um investimento total de 20.000 milhões de dólares (17.500 milhões de euros) e o valor de financiamento hoje anunciado fica abaixo da fasquia de 16.000 milhões de dólares (14.000 milhões de euros) que vinha sendo anunciado como referência pela petrolífera e algumas instituições de crédito.

Sem fazer alusão à diferença, a empresa diz que os empréstimos demonstram "a confiança depositada pelas instituições financeiras no futuro a longo prazo do GNL em Moçambique".

"A assinatura deste financiamento de projeto em larga escala, menos de um ano após a Total assumir o papel de operador do GNL de Moçambique, representa uma conquista significativa e um marco importante", declarou o diretor financeiro da Total, Jean-Pierre Sbraire, citado no comunicado.

O diretor-geral da Total em Moçambique, Ronan Bescond, classificou há um mês como "um feito memorável" conseguir fechar, na conjuntura atual, o projeto financeiro.

A petrolífera francesa teve de paralisar quase todos os trabalhos do projeto de construção em Afungi, em abril e maio, depois de o recinto ter sido um dos principais focos de covid-19 em Moçambique, com 96 casos entre 880 trabalhadores.

No final de maio, o espaço foi declarado seguro e os trabalhos têm sido gradualmente retomados desde o início de junho.

Por outro lado, a região de Cabo Delgado tem sido afetada por uma onda de violência armada, com alguns ataques reivindicados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico, sendo que num deles, no final de junho, foram abatidos oito trabalhadores de uma empresa subcontratada pela Total e outros três que conseguiram fugir continuam desaparecidos.

Uma viatura da construtora Fénix foi metralhada na estrada no mesmo dia em que houve confrontos na vila de Mocímboa da Praia, 70 quilómetros a sul do projeto.

A Total disse à Lusa que "a situação não esteve relacionada com nenhuma atividade realizada pelo projeto Mozambique LNG" e a subcontratada tem-se recusado desde então a dar mais informações sobre o caso.

A petrolífera francesa mantém o ano de 2024 como prazo previsto para a primeira entrega de gás, esperando-se atingir a plena produção (13,12 milhões de toneladas/ano) em 2025.

O consórcio tem contratos de venda fechados sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, da Shell e da britânica Cêntrica.

A Total lidera o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo outras participações à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).

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