Trump condiciona taxas sobre aço e alumínio a acordo com México e Canadá

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Kevin Lamarque, Reuters

O presidente dos Estados Unidos deu esta segunda-feira um sinal de que poderá recuar na intenção de impor taxas alfandegárias à importação de aço e alumínio, caso lhe corra de feição a renegociação que tem neste momento em curso com o México e o Canadá para a reformulação do NAFTA, o tratado comercial entre os três países cuja versão actual não agrada a Donald Trump.

Trump não é grande admirador dos acordos comerciais firmados pelos Estados Unidos com os parceiros internacionais. Nunca o escondeu e, assim que instalou a sua Administração na Casa Branca, pôs fim ao TPP (Tratado Trans-Pacífico, negociado com 11 países da orla do Pacífico) e revogou todos os esforços investidos pela equipa de Barack Obama no TTIP, o tratado transatlântico que deveria estabelecer para muitas décadas uma nova ordem nas trocas comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia.

NAFTA, TPP e TTIP são portanto acrónimos (e sigla) que não têm a simpatia de Donald Trump. Já durante a campanha eleitoral usara uma retórica hostil aos tratados que envolvem os Estados Unidos nas várias parcerias por todo o globo. O primeiro a cair foi o TPP, a 23 de janeiro, escassos dias após a tomada de posse.

Com uma assinatura, o presidente começou a derrubar o que considerava serem acordos prejudiciais aos interesses do cidadão norte-americano. Acabava de atirar para o lixo dos papéis o acordo assinado um ano antes, a Fevereiro de 2016, após sete anos de negociação entre Estados Unidos, Austrália, Brunei, Canada, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname.

A ideia deixada na Sala Oval, quando ostentou a assinatura naquela que foi uma das dezenas de ordens executivas que assinarias nessas primeiras semanas de administração, era de que a partir de então “a América estaria primeiro”. A mesma ideia que subsiste na imposição das tarifas ao aço e alumínio que chegam de fora, a ideia de que pretende defender o produto doméstico, a indústria e o trabalhador americanos - “Foi uma decisão excelente para o trabalhador americano o que acabámos de fazer”, afirmou Trump mostrando a OE aos repórteres - está também presente na renegociação do NAFTA, em vigor desde 1994. Mas agora com um dossier a condicionar o outro.

“Temos grandes défices comerciais com o México e o Canadá. O NAFTA, sob negociação neste momento, tem sido um mau acordo para os Estados Unidos. Enormes deslocalizações de empresas e postos de trabalho”, refere um tweet do presidente, acrescentando que “as tarifas sobre o aço e alumínio só serão retiradas se for assinado um NAFTA novo e justo”.


No final da semana passada, Trump ameaçou os parceiros estrangeiros com elevadas taxas alfandegárias, uma tarifa de 25 por cento sobre as importações de aço e 10 por cento no alumínio, deixando os mercados em pânico e suscitando reacções de força de Pequim e da União Europeia contra a filosofia protecionista e isolacionista que parece subsistir dentro da equipa do presidente, eventualmente restos do legado ideológico de Steve Bannon.
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