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Tsipras e Varoufakis perseguem solução europeia para a dívida grega

por RTP
Marko Djurica, Reuters

Com o primeiro-ministro Alexis Tsipras em Nicosia, na Turquia, e o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, em Londres, o Executivo grego arranca esta semana para um périplo de negociações da dívida de 300 mil milhões de euros que tem para com os credores internacionais. Uma semana decisiva para Atenas, que faz agora o caminho entre as promessas eleitorais e os acordos assinados com as entidades internacionais.

Paris, Londres, Bruxelas, Roma e Nicósia. Capitais que fazem parte do périplo grego. Ontem, perante o seu homólogo francês, o ministro grego das Finanças estimou que Atenas seja capaz de negociar um novo acordo para a Grécia antes do próximo mês de maio.
De acordo com o próprio Varoufakis, também Madrid, Helsínqua e Bratislava poderão em breve estar na rota de negociações.


Num encontro com Michel Sapin, Varoufakis acrescentou que “daqui em diante [Atenas] não irá pedir novos empréstimos”. É uma garantia que confirma a análise de Tsipras numa carta endereçada aos [contribuintes] alemães. Explicava o novo primeiro-ministro que o problema da Grécia não era a falta de liquidez, mas neste momento precisamente o contrário: ter contraído um empréstimo demasiado grande, de dinheiro que não necessitava e que agora não consegue pagar.
Esta segunda-feira Londres é o destino de Yanis Varoufakis. Tratando-se de um parceiro da União Europeia, os britânicos não fazem parte da Zona Euro. Já Berlim está de momento fora da rota das conversações. Varoufakis fez no entanto saber que “evidentemente” que irá à capital alemã para se encontrar com o ministro das Finanças mais poderoso da União, Wolfgang Schäuble.

A escassas semanas de ficar sem liquidez para os seus compromissos domésticos, Alexis Tsipras tem mantido de qualquer forma as entidades europeias sobre pressão. O primeiro-ministro já garantiu por várias vezes que não pretende rasgar os acordos assinados com a troika, depois de o seu ministro das Finanças ter anunciado a recusa em sentar-se à mesa com este grupo.
A equação grega

Mais do que um jogo de semântica – uma vez que Varoufakis não descarta negociar em separado com o FMI, União Europeia e BCE – os novos governantes gregos querem afastar do país o que consideram uma mão de ferro austeritária que fecha a porta a qualquer possibilidade de crescimento.
A Alemanha detém 40 mil milhões de euros da dívida grega; a França é credora de 31 mil milhões.


Não podem, contudo, esquecer que dentro de poucas semanas terão necessidade de nova parcela do empréstimo para fazer face a despesas da sua economia doméstica.

O Executivo de Atenas procura um equilíbrio sensível entre a negociação da dívida com os credores internacionais e a sustentabilidade política do seu programa eleitoral, o que remete, em ambos os casos, para o apoio que Alexis Tsipras continuará a ter, ou não, do povo grego.
O amigo americano

Esta é uma equação que não escapou à análise de Barack Obama. Numa entrevista à cadeia de televisão CNN o Presidente americano admitia a necessidade que a Grécia tem de variadas reformas, mas deixou o aviso: “É difícil iniciar a mudança se o nível de vida das pessoas caiu 25%. No longo prazo, o sistema político, a sociedade não a suportam”.
Reportagem de Mendes Oliveira e Manuel Oliveira, RTP

Barack Obama: "Quando temos uma economia que está em queda livre, é necessário que haja uma estratégia de crescimento e não apenas esforços no sentido de pressionar cada vez mais uma população que sofre cada vez mais".
Não é a primeira vez que o Presidente dos Estados Unidos dá uma mão ao novo Executivo de Alexis Tsipras. Este domingo, na entrevista à CNN, Obama advertiu que “não é viável continuar a exercer pressão sobre os países que se encontram em plena depressão”.

“Chega um momento em que é necessário uma estratégia de crescimento para que possam pagar as suas dívidas”, acrescentou o presidente, para acrescentar que se a prudência fiscal e as reformas são necessárias, “da experiência que nós temos com os Estados Unidos é que a melhor forma de reduzir os défices (…) é promovendo o crescimento”.

E, de acordo com a edição desta segunda-feira do diário espanhol El País, Bruxelas poderá mesmo estar a contemplar a possibilidade de “dissolver a troika”, promovendo conversações separadas em Atenas. Bastaria para tal que Alexis Tsipras avançasse com a garantia de que não iria rasgar pressupostos dos anteriores resgates financeiros.

Ficando claro ao que vem o Executivo encabeçado pelo Syriza, El País adianta que a Comissão Juncker terá já sondado vários parceiros europeus no sentido de aprovarem um alívio da dívida, através da ampliação de prazos, e uma pequena redução dos juros contemplada pelo Eurogrupo em 2012.
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