Venda de crédito malparado é "importante marco" para Novo Banco - Moody`s

por Lusa

A agência de `rating` Moody`s considerou hoje que a recente venda de crédito malparado pelo Novo Banco é positiva para a avaliação do banco e um "marco importante" no cumprimento do plano de reestruturação.

Segundo a Moody`s, a concretização da venda, prevista para antes do final de 2019, significará uma melhoria dos indicadores de risco do Novo Banco, estimando que esta signifique uma redução do rácio de crédito malparado (`non performing loand`) do Novo Banco para 17% e do rácio de ativos não produtivos (`non performing assets` ou ativos `tóxicos`) para 23%.

Aquando da venda, o Novo Banco anunciou que esta teria um efeito negativo nas suas contas de 106 milhões de euros, mas a Moody`s considera que, apesar deste impacto, a venda desta carteira de crédito é "um importante marco no plano de reestruturação do Novo Banco", acordado com a Comissão Europeia em 2017 (aquando da venda de 75% do banco ao Lone Star) e que visa assegurar a viabilidade do banco em 2021.

O Novo Banco anunciou a semana passada que acordou a venda de créditos malparados no valor de 2.732 milhões de euros ao fundo Davidson Kempner.

A informação ao mercado indicou que a venda ao fundo de investimento foi acordada por 191 milhões de euros e que é estimado um impacto negativo de 106 milhões de euros na demonstração de resultados decorrente desta operação.

Segundo fonte do Novo Banco, apesar do impacto negativo da operação na conta de exploração do banco, esta venda traz um "efeito positivo no capital" e no cumprimento das exigências dos reguladores de redução do malparado.

A operação foi feita com um desconto de 89% sobre o valor bruto contabilístico, mas já sobre o valor líquido (que tem em conta as imparidades já constituídas) o desconto é de 35%, disse ainda a mesma fonte.

Já em agosto, o Novo Banco tinha anunciado que acordou a venda de imóveis (`Projeto Sertorius`) no valor de 487,8 milhões de euros a entidades indiretamente detidas por fundos geridos pela Cerberus Capital Management, por 159 milhões de euros, e a venda de ativos da sucursal de Espanha (`Projeto Albatroz`, imóveis e crédito), de 308 milhões de euros, à gestora de ativos Waterfall Asset Management por 98,7 milhões de euros.

Na nota hoje divulgada, a Moody`s também considera estas vendas positivas para o banco.

Em 2014, na resolução do BES, o Novo Banco nasceu como o `banco bom`, mas tem apresentado prejuízos, justificando a administração com o legado com que ficou do BES.

Para reduzir os ativos `tóxicos`, o banco detido pelo fundo norte-americano Lone Star tem feito vendas de créditos e imóveis.

Estas vendas podem, contudo, vir a pesar no valor que o Novo Banco pedirá ao Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado) para se recapitalizar. Até agora, o banco já recebeu 1.941 milhões de euros (referentes a 2017 e 2018) e o valor vai aumentar.

Em 02 de agosto, quando apresentou prejuízos semestrais de 400,1 milhões de euros, o Novo Banco estimou que prevê pedir mais 541 milhões de euros referente ao primeiro semestre. Contudo, o valor certo apenas vai ser contabilizado em 2020, quando estiverem fechadas as contas de 2019.

O plano de reestruturação do Novo Banco, que prevê a redução dos ativos `tóxicos`, prevê também a diminuição de redução de trabalhadores, plano que o banco tem levado a cabo nos últimos anos.

No fim de agosto, o Expresso noticiou que o Novo Banco solicitou e obteve autorização do Ministério do Trabalho para alargar a 310 trabalhadores o limite previsto para rescisões por mútuo acordo entre 08 de agosto de 2019 e 31 de dezembro de 2021, de modo a que beneficiem de subsídio de desemprego quando aceitam rescindir os contratos.

Em reação, a Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco estranhou o pedido uma vez que essas rescisões superam os "objetivos impostos" por Bruxelas, considerando que apenas falta, 84 saídas para o banco reduzir o número de trabalhadores para 4.909 até 2021.

O Novo Banco não se pronunciou sobre este tema.

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