Viana corta relações institucionais se CGD fechar balcão de Darque

por Lusa

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, disse hoje que cortará relações institucionais com a Caixa Geral de Depósitos se o banco público não recuar na intenção de encerrar o balcão de Darque.

O autarca socialista, que falava aos jornalistas no final da reunião ordinária do executivo municipal, adiantou que se aquele balcão, situado na margem esquerda do rio Lima, fechar é "um ato hostil para com o concelho".

"Se não houver abertura, discernimento e a ponderação que todos esperamos, iremos incentivar as entidades públicas e mesmo as empresas a mudarem de dependências bancárias visto que quem abandona o território é porque não está interessado em manter relações com o território".

José Maria Costa, que antes da ordem de trabalhos da reunião camarária apresentou uma moção contra o encerramento do balcão de Darque da CGD, aprovada por unanimidade, sublinhou que aquele serviço serve uma população de cerca de 37 mil pessoas de doze freguesias e mais de 300 empresas, estimando que o movimento por elas geradas superem os 200 milhões de euros.

"É uma questão que, penso eu, a Caixa Geral de Depósitos terá que ponderar", disse, revelando ter já solicitado uma reunião com o presidente do banco público.

"Tem de ponderar se quer continuar a ter relações com os territórios e com as atividades empresariais ou se os territórios têm de pensar noutras instituições bancárias. O que não entendemos, também, é que a CGD esteja consecutivamente a fazer a promoção das suas atividades, dizendo que tem soluções próximas dos cidadãos e das empresas e depois fuja dos cidadãos e das empresas. Nós não queremos, em Viana do Castelo, uma CGD a fugir. Gostamos que esteja cá. Se ela quiser fugir nós também fugimos para outros", referiu.

Na moção hoje aprovada, o executivo refere que o concelho vive um clima de "desenvolvimento económico, fruto da fixação de novas empresas multinacionais, nomeadamente na zona de abrangência do balcão, que impele para a necessidade do fornecimento de serviços de proximidade aos trabalhadores e empresários da mesma, e que estarão em causa com o eventual fecho do mesmo".

"O executivo municipal manifesta-se contra o encerramento, do Balcão da CGD em Darque e exige à Administração da CGD a reversão imediata desta decisão", sustenta o documento.

A vereadora da CDU, Cláudia Marinha também apresentou uma moção contra aquela decisão que foi rejeitada pela maioria socialista e recolheu a abstenção dos dois vereadores do PSD.

A CGD vai fechar cerca de 70 agências este ano, a maioria já este mês e nas áreas urbanas de Lisboa e Porto, indicou, na semana passada em comunicado, o banco público, sem precisar quantas são exatamente as agências que fecharão até final de junho nem onde se situam, dizendo apenas que muitos desses balcões estão em áreas urbanas.

Segundo informações recolhidas pela Lusa nas últimas semanas, entre as agências da CGD que irão fechar estão São Vicente da Beira (Castelo Branco), Darque (Viana do Castelo), Grijó e Arcozelo (Gaia), Pedras Salgadas (Vila Pouca de Aguiar), Prior Velho (Loures), Alhandra (Vila Franca de Xira), Abraveses e Rua Formosa (Viseu), Louriçal (Pombal), Avanca (Estarreja), Desterro (Lamego), Carregado (Alenquer), Colos (Odemira) e Alves Roçadas (Vila Real), Nogueira do Cravo (Oliveira de Azeméis), Perafita (Matosinhos) e Coimbra.

A CGD tinha 587 agências em Portugal no fim de 2017 e quer chegar ao final deste ano com cerca de 517.

A redução da operação da CGD, incluindo o fecho de 180 balcões em Portugal até 2020, foi acordada entre o Estado português e a Comissão Europeia como contrapartida pela recapitalização do banco público feita em 2017.

Em 2017 já tinham fechado 67 balcões, encerramentos que provocaram muita polémica e protestos, sendo o mais conhecido o caso de Almeida.

Assim, com o encerramento destes 70 balcões, a CGD terá ainda de fechar mais 43 balcões nos próximos dois anos.

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