Wall Street sofre forte impacto do anúncio de outra variante do novo coronavirus

por Lusa

A bolsa nova-iorquina fechou hoje em baixa acentuada, com os investidores preocupados com a descoberta de uma variante recente do novo coronavirus, que provocou a maior queda do índice seletivo Dow Jones Industrial Average este ano.

Este índice emblemático de Wall Street desvalorizou 2,53%, bem acima dos 2,09% da sua maior queda este ano, em julho, para acabar nos 34.899,34 pontos.

Por seu lado, o tecnológico Nasdaq perdeu 2,23%, para as 15.491,66 unidades, e o alargado S&P500 baixou 2,27%, para os 4.594,62 pontos.

B.1.1.529 - hoje, toda a gente em Wall Street tinha estas iniciais bárbaras na ponta da língua, respeitantes à mais recente variante do novo coronavirus, identificada pela primeira vez na África do Sul.

Considerada muito contagiosa, foi classificada como "preocupante" pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que a batizou, hoje, Omicron.

"Os investidores hoje só têm uma ideia na cabeça", comentou Ross Mayfield, analista da Baird.

"Há razões para pensar que (esta nova variante) é mais contagiosa e mais problemática que a Delta", acrescentou.

"Portanto, a reação do mercado ao grau de incerteza atual faz sentido, mais a mais sabendo que se está perto de níveis recorde" nos índices.

Longe de se limitar ao mercado acionista, a crispação atingiu também o obrigacionista.

O rendimento médio dos títulos da dívida pública a 10 anos baixou fortemente, ao perder 16 pontos-base (0,16 pontos percentuais) em 24 horas, o que é considerável, dado que o período de tempo foi curto.

Passou assim de 1,64% na quarta-feira à noite, para 1,48% hoje (o mercado esteve fechado na quinta-feira, devido ao feriado do Dia da Ação de Graças, Thanksgiving, como os norte-americanos o designam).

Por hábito, a sessão de sexta-feira do Thanksgiving, entalada entre o dia feriado mais importante dos EUA e um fim de semana, é uma das mais calmas do ano, com volumes irrisórios.

Mas a irrupção desta nova variante levou os volumes das transações realizadas hoje para um nível superior a metade do que se verificou nas sessões de novembro.

Esta aceleração do dia, trouxe a Wall Street uma situação que esta já conhece desde o início da pandemia, há 18 meses.

Tudo o que respeita, de perto ou de longe, ao turismo, às atividades de tempos livres fora do domicílio, foi largado pelos investidores.

Sem surpresa, as transportadoras aéreas norte-americanas sofreram com a notícia do aparecimento desta nova variante, que ameaça de penalizar o transporte aéreo mundial.

As desvalorizções de American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines foram elevadas, respetivamente em 8,79%, 8,34% e 9,57%.

Pior foi o dia para as companhias de cruzeiros, com recuos acima de 10%, nos casos da Norwegian (-11,36%), Carnival (-10,96%) e Royal Caribbean (-13,22%)

Nem a Disney não foi poupada, e fechou a perder 2,13%.

Ameaçados por um possível arrefecimento da atividade económica, e portanto do crédito concedido, mas também por um eventual aumento das taxas de juro, os `papéis` dos bancos também terão um dia complicado.

Assim, o Bank of America perdeu 3,93%, o JPMorgan Chase 3,01% e o Wells Fargo 5,61%.

Depois dos fortes recuos no mercado petrolífero, algumas das principais unidades do setor foram penalizadas, como a Exxon Mobil ou a ConocoPhillips, que recuaram respetivamente 3,51% e 4,48%.

Ao contrário, os fabricantes de vacinas contra o novo coronavirus Moderna, Pfizer e Novavax foram alguns dos grande beneficiários do dia, com avanços respetivos de 20,57%, 6,11% e 8,95%.

A mesma coisa para as empresas que foram as revelações da pandemia, pelo confinamento e teletrabalho, a saber, a plataforma de videoconferência, a Zoom, que ganhou 5,72%, e a Peloton, especialista em venda de bicicletas para atividade física em casa, que progrediu 5,67%.

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