Francisco Assis e António José Seguro na corrida

por RTP
PS renova direção partidária na sequência da derrota nas legislativas de 6 de junho António Cotrim, Lusa

Com António Costa fora da corrida, Francisco Assis avança para a liderança do Partido Socialista, não antes de ter de defrontar nas diretas marcadas para 22 e 23 de Julho o outro candidato António José Seguro. José Sócrates e Almeida Santos terminam o seu ciclo e dão lugar a um novo ciclo político dentro do PS.

António Costa anunciou que se não candidata ao cargo de secretário-geral, reservando-se eventualmente para uma candidatura ao cargo de presidente do partido e um apoio ao seus camarada Francisco Assis. Com Costa fora da corrida, o até agora líder da bancada socialista na Assembleia da República avança na corrida que o oporá a António José Seguro. Diretas a 22 e 23 de Julho, Congresso a 9,10 e 11 de Setembro
Na reunião da Comissão Nacional do Partido Socialista, órgão deliberativo máximo da organização política entre congressos, realizada na noite da passada terça-feira, saiu a marcação da data das eleições diretas que elegerão o futuro secretário-geral para os dias 22 e 23 de julho.

Os conselheiros nacionais dos socialistas marcaram também o congresso nacional extraordinário, que aprovará a moção de estratégia que subordinará a atuação política da nova direção, para os dias 9, 10 e 11 de Setembro.


António Costa justificou a decisão com o facto de querer cumprir até ao fim o compromisso que assumiu com os lisboetas aquando da sua eleição e levar até ao final o mandato de presidente da câmara municipal de Lisboa.

O antigo ministro da Administração Interna, muito ligado às bases, não deixou de se justificar perante as mesmas. No dia desta quarta-feira muitos milhares de militantes receberem via SMS uma mensagem do edil da capital com a explicação da sua decisão.

“Pensei muito nas palavras de incentivo que me enviaram e que agradeço”, diz Costa referindo-se aos muitos militantes de base que lhe endereçaram por várias vias mensagens de incentivo para entrar na corrida.

“O PS e a câmara municipal de Lisboa precisam de um líder a tempo inteiro e eu devo cumprir os meus compromissos com os cidadãos e continuar a exercer a presidência da câmara com paixão, não dividida”, continua no longo SMS enviado aos militantes.

“Só sei exercer cada função sem calculismo e como se fosse a última coisa que vou fazer na vida. E este é o melhor contributo que posso dar ao PS”, refere.

Costa termina o SMS declarando-se “disponível para integrar uma equipa e, como sempre, para a militância dedicada”.
Francisco José Pereira de Assis MirandaEstudou num colégio católico e licenciou-se em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professor do Ensino Secundário, é militante do Partido Socialista desde 1985, tendo sido presidente da Câmara Municipal de Amarante, de 1989 a 1995. No fim desse ano estreou-se como deputado à Assembleia da República. Foi, pela primeira vez, presidente do Grupo Parlamentar do PS, entre 1997 e 2002. Saiu para ocupar o cargo de deputado ao Parlamento Europeu, onde permaneceu até 2009. Pelo meio foi eleito presidente da Federação Distrital do PS do Porto e candidatou-se a presidente da Câmara Municipal do Porto, nas eleições autárquicas de 2005, sendo derrotado por Rui Rio. Manteve-se como deputado no Parlamento Europeu até ao final do seu mandato, ao mesmo tempo que se mantinha como vereador no Porto. Em Julho de 2009 foi apresentado como cabeça-de-lista do Partido Socialista pelo Círculo da Guarda às eleições legislativas de 27 de Setembro, vindo a ser eleito para o mandato de 2009-2013. Foi, pela segunda vez, líder parlamentar do PS.

Francisco Assis, líder da bancada socialista na última legislatura, homem conotado com a direção de José Sócrates recolhe bastantes apoios na superestrutura partidária. António José Seguro, pelo contrário, tem como principal sustentáculo as bases do partido, através das federações e seções junto das quais levou a cabo um profundo trabalho de mútuo conhecimento, que poderá ser determinante na altura de se contarem as “espingardas”.

Assis anuncia candidatura às 19h00 de quarta-feira
No final da reunião, Assis comentou a renuncia à corrida eleitoral por parte de António Costa dizendo respeitar a sua decisão.

“Ao tomar essa posição [António Costa] abre um quadro político novo no interior do Partido Socialista. Tenho noção que muitos militantes tinham expectativa na apresentação de uma candidatura por parte de António Costa”, declarou à saída do hotel Altis.

Para Assis, “há que fazer uma ponderação rigorosa e profunda, designadamente se há uma articulação entre a vontade individual e aquilo que são as aspirações de largos sectores do partido”, acrescentou.

Com ponderação ou sem ela, o certo é que anunciou aos seus camaradas da Comissão nacional a intenção de se candidatar e marcou para as 19h00 desta quarta-feira uma conferência de imprensa no Largo do Rato, sede do partido, onde anunciou publicamente a sua candidatura.

Francisco Assis compareceu no largo do Rato sózinho não tendo ainda a seu lado nenhuma das figuras públicas que o apoiam.

"Assumo esta candidatura como sendo simultaneamente de continuidade e de mudança. Continuidade em relação à História do PS, que assumo integralmente, mas também de mudança, porque a melhor forma de respeitarmos a nossa História é sabermos construir os caminhos do futuro e, para isso, há necessidade de fazermos ruturas", declarou Francisco Assis.

O líder parlamentar cessante dos socialistas prometeu que, se for eleito secretário-geral, apresentará "uma alternativa política com tempo, imaginação e consistência", numa lógica de "oposição responsável, que honra os seus compromissos".

"Mas há uma coisa que deve ficar clara: Quem determina quem são as responsabilidades do PS é o próprio PS", advertiu, antes de dizer que os socialistas "têm de iniciar um novo diálogo" com os portugueses.
António José Martins SeguroEstudou Organização e Gestão de Empresas, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa,licenciou-se em Relações Internacionais, na Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões. É Assistente da mesma Universidade. Foi diretor do jornal A Verdade de Penamacor, e chegou a secretário-geral da Juventude Socialista, entre 1990 e 1994. Deputado à Assembleia da República, de 1991 a 1995, integrou os XIII e XIV Governos Constitucionais, tendo ocupado o seu último cargo governativo como Ministro-Adjunto de António Guterres, entre 2001 e 2002. Foi deputado ao Parlamento Europeu, entre 1999 e 2001, dirigiu o Gabinete de Estudos Nacional do PS (2002-2004), e voltou à Assembleia da República, onde liderou a bancada parlamentar do PS (VIII Legislatura), presidiu à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência (X Legislatura) e foi presidente da Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Energia (XI Legislatura).
"A minha primeira prioridade será relançar a discussão e o debate no PS, promovendo de novo a abertura do PS à sociedade. Temos de abraçar novas causas e identificar angústias, porque assistimos a profundas mutações nas nossas sociedades", disse ainda.

António José Seguro apresenta razões da candidatura na quinta-feira
Também António José Seguro não deixou os conselheiros nacionais socialistas na dúvida sobre a sua candidatura. Na reunião foi claro a afirmar a sua disponibilidade e disposição paera se apresentar a sufrágio nas eleições de julho.

Já na tarde desta quarta-feira, António José Seguro confirmava na sua página de facebook que se candidatava ao cargo de secretário-geral.

"Caros amigos, agradeço os milhares de mensagens de apoio e de incentivo que tenho recebido de militantes e simpatizantes para me candidatar à liderança do PS. Decidi corresponder ao vosso apelo. Sou candidato a Secretário-Geral do meu partido de sempre. Anunciarei as razões da minha candidatura amanhã, quinta feira, às 13h00, na sede", escreveu Seguro na rede social.

pub