A agência brasileira que se especializa em jornalismo de investigação registou pelo menos 70 ataques a cidadãos brasileiros por motivos políticos.
Os autores da reportagem dizem que a violência pode ser explicada pelas declarações de Bolsonaro que “incitam à violência contra mulheres, LGBTs, negros e índios”. A sondagem registou várias agressões físicas, verbais e até homicídios em vários Estados brasileiros que têm como motivo divergências políticas relacionadas com as presidenciais.
“Entre os casos contabilizados pela reportagem da Pública, 14 aconteceram na região Sul, 33 na região Sudeste, 18 na região Nordeste, 3 na região Centro-Oeste e 3 na região Norte. Embora tenha havido também dezenas de casos de ameaças pelas redes sociais, o levantamento incluiu apenas casos de agressões e ameaças feitas ao vivo. Nesses episódios, a integridade física de pessoas ficou em risco por causa do ódio ligado à disputa eleitoral”, pode ler-se na introdução da investigação.
Confrontado com o clima de violência política que se vive no Brasil, o candidato Jair Bolsonaro, disse em entrevista à rádio CBN, esta quinta-feira, que não pode ser responsabilizado pela atitude dos eleitores.
Um dos casos mais graves foi o homicídio do mestre de capoeira Moa do Katendê que terá sido apunhalado doze vezes por um apoiante de Bolsonaro. De acordo com a imprensa brasileira, o agressor confrontou o mestre na rua e perguntou-lhe por quem tinha votado na primeira volta, quando soube que o voto do mestre não tinha ido para Bolsonaro, matou-o.
“Foram 48 milhões de pessoas que votaram em mim, você quer que eu me responsabilize por elas”, questionou. “Desculpe, mas quem levou a facada fui eu”.
O candidato, recorde-se, foi esfaqueado a 6 de setembro enquanto estava em campanha eleitoral no Estado de Minas Gerais. O ataque deixou-o em estado grave e o agressor, Adélio Bispo de Oliveira, confessou o crime e está preso.