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França a votos: o manual de instruções para a primeira volta

por Christopher Marques - RTP
Reuters

A França começa este domingo a escolher o nome do seu novo Presidente. Quatro candidatos encontram-se bem colocados para discutir o acesso à segunda volta. A decisão é exclusiva dos franceses mas os seus impactos prometem ultrapassar as fronteiras gaulesas.

Quarenta e sete milhões de eleitores escolhem este domingo os dois candidatos que disputarão a segunda volta de dia 7 de maio. Em alguns dos territórios ultramarinos franceses, como a Guiana, a votação teve início já no sábado.

Este domingo, as urnas de mais de 66 mil locais de voto já abriram. A correspondente da RTP Rosário Salgueiro falou esta manhã com uma portuguesa que é presidente de uma mesa de voto. 

A maioria dos locais de voto fechará portas às 19h00, mas há algumas exceções. Na capital e em algumas das principais cidades francesas, o voto poderá ser depositado na urna até às 20h00 locais.

Durante o dia, o Ministério do Interior atualizará a taxa de participação dos franceses, o que permitirá desde logo ter uma ideia sobre a abstenção do sufrágio. Estão previstos boletins atualizados às 12h00 e 17h00. A partir das 20h00, os resultados começam a ser oficialmente revelados.

Também às 20h00, os meios de comunicação franceses deverão avançar com as primeiras projeções. A imprensa francesa está proibida por lei de revelar resultados antes da hora. No entanto, nas presidenciais de 2012, a imprensa belga e suíça não esperou pelas 20h00 para avançar com o nome do vencedor.

Este ano, a tarefa poderá ser bem mais difícil. Com as sondagens a perspetivar uma competição renhida entre candidatos, vários institutos já admitiram que poderão não conseguir indicar os nomes dos dois candidatos apurados para a segunda volta às 20h00. Está em aberto a possibilidade de serem apresentados três ou quatro nomes, com a escolha a ser revelada ao longo da noite, à medida que avança a contagem dos boletins.

A noite eleitoral francesa poderá ser acompanhada em direto na RTP3 e no site da RTP.O que dizem as sondagens?
Este domingo, os franceses escolhem entre 11 candidatos. Dois candidatos passarão depois à segunda volta que se realiza no dia 7 de maio. As sondagens indicam que o mais provável é que Emmanuel Macron e Marine Le Pen passem à segunda volta.

No entanto, a diferença é pequena em relação aos outros candidatos – frequentemente, fica mesmo abaixo da margem de erro. Apesar da forte queda nas sondagens – na sequência do escândalo dos empregos fictícios – François Fillon conseguiu recuperar ao longo das últimas semanas.Em dois meses, a intenção de voto dos franceses mudou consideravelmente. Confira a evolução na infografia da RTP.

Mais surpreendente foi a subida de Jean-Luc Mélenchon. De quinto candidato nas sondagens, o representante da França Insubmissa iniciou uma forte subida a partir de março. Ultrapassou o socialista Benoît Hamon e disputa agora o terceiro lugar nas sondagens com François Fillon.

É portanto também possível que seja outro par a disputar a segunda volta: Macron – Fillon, Macron – Mélenchon, Le Pen – Fillon, Le Pen – Mélenchon ou até mesmo Fillon – Mélenchon. O candidato socialista Benoît Hamon está agora afastado do grupo dos favoritos, com as sondagens a atribuírem-lhe menos de dez por cento dos votos.

Há ainda outros seis candidatos às eleições. Nenhum deles ultrapassa os cinco por cento nas intenções de voto. Nicolas Dupont-Aignan aparece nas sondagens como o pequeno candidato que deverá conseguir maior votação.
O que acontece depois da primeira volta?
Esta volta é a primeira votação de um conjunto de sufrágios que definirá a política francesa dos próximos cinco anos. Depois da votação deste domingo, os franceses são convidados a 7 de maio a escolher o seu novo Presidente.

O sucessor de François Hollande deverá entrar no Palácio do Eliseu a meados de maio. Hollande tem de abandonar as funções presidenciais até ao dia 15 de maio, data em que se assinalam os cinco anos desde que tomou posse.

Com o novo Presidente empossado, segue-se a nomeação de um primeiro-ministro e a constituição de um primeiro Governo. Avança-se para a votação seguinte, vistas como a terceira e a quarta volta das eleições francesas: as eleições legislativas.

É nas legislativas que o Presidente busca uma maioria parlamentar, que dê suporte às suas ações e às do seu Executivo. A votação decorre em 577 círculos. Cada aglomerado elege apenas um deputado, um sistema que tende a favorecer os grandes partidos.

A eleição é também feita a duas voltas e realiza-se nos dias 11 e 18 de junho. É eleito deputado aquele que conseguir mais de 50 por cento dos votos na primeira volta, ou que for o candidato mais votado na segunda ida às urnas.
Quem são os grandes candidatos?
Dois lugares, cinco grandes candidatos. A França escolhe este domingo os protagonistas da segunda volta das eleições presidenciais. Da extrema-direita à extrema-esquerda, os números indicam que qualquer um poderá passar à derradeira votação.

Emmanuel Macron, Marine Le Pen, Jean-Luc Mélenchon e François Fillon protagonizam uma luta renhida pelo acesso à segunda volta das eleições presidenciais. Menos bem colocado nas sondagens encontra-se Benoît Hamon, o candidato do Partido Socialista.Conheça os candidatos e as promessas com que tentam ver abertas as portas do Eliseu.

As sondagens concretizam já uma erosão do habitual rotativismo político francês. Os mais bem colocados são Emmanuel Macron e Marine Le Pen. O primeiro não tem partido e criou o movimento Em Marcha! para se candidatar.

A segunda é a representante da extrema-direita, filha do histórico Jean-Marie Le Pen. Está em aberto a possibilidade de nenhum dos dois principais partidos franceses – o PS e os Republicanos – passarem à derradeira votação.

O outrora favorito François Fillon desceu consideravelmente nas intenções de voto, apesar de ainda poder sonhar com a passagem. Já Jean-Luc Mélenchon, o candidato mais à esquerda, conseguiu uma impressionante dinâmica na reta final da campanha.
Quem são os outros candidatos?

Para além dos cinco melhores colocados nas sondagens, há seis outros pretendentes ao Eliseu. São representantes de partidos mais pequenos e não ultrapassam os cinco por cento nas intenções de voto.

Ambos fruto do pensamento trotskista, Nathalie Arthaud e Phillippe Poutou são os candidatos do Lutte Ouvrière e do Novo Partido Anticapitalista. Poutou tem merecido mais atenção nas redes sociais, depois do sucesso de algumas tiradas lançadas contra Le Pen e Fillon durante o debate.Conheça os seis pequenos candidatos e as promessas que marcam as suas candidaturas.

Há candidatos mais insólitos, com por exemplo Jean Lasalle, filho de pastores que expôs as suas linhas programáticas num livro intitulado “Um pastor no Eliseu”. Soma já episódios caricatos, que incluem uma longa greve de fome e mais de seis mil quilómetros a pé.

Mas nas candidaturas insólitas ganha grande destaque Jacques Cheminade. Repetente na corrida ao Eliseu, o candidato aposta forte nas conquistas espaciais: quer colonizar a Lua para depois avançar com a exploração de Marte.

Nos leques dos pequenos candidatos encontram-se ainda Nicolas Dupont-Aignan e François Asselineau.
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