Quem são e o que prometem os candidatos à Presidência de França?

Dois lugares, cinco grandes candidatos. A França escolhe este domingo os protagonistas da segunda volta das eleições presidenciais. Da extrema-direita à extrema-esquerda, os números indicam que qualquer um poderá passar à derradeira votação. Passamos em revista os seus percursos políticos e as promessas com que tentam ver abertas as portas do Eliseu.

É uma invulgar corrida a quatro aquela que se realiza este domingo em França. Emmanuel Macron, Marine Le Pen, Jean-Luc Mélenchon e François Fillon protagonizam uma luta renhida pelo acesso à segunda volta das eleições presidenciais. Menos bem colocado nas sondagens encontra-se Benoît Hamon, o candidato do Partido Socialista.

As sondagens concretizam já uma erosão do habitual rotativismo político francês. Os mais bem colocados são Emmanuel Macron e Marine Le Pen. O primeiro não tem partido e criou o movimento Em Marcha! para se candidatar. Para além dos cinco principais, há outros seis pretendentes ao Eliseu. Nenhum ultrapassa os cinco por cento nas intenções de voto.

A segunda é a representante da extrema-direita, filha do histórico Jean-Marie Le Pen. Está em aberto a possibilidade de nenhum dos dois principais partidos franceses – o PS e os Republicanos – passarem à derradeira votação.

O outrora favorito François Fillon desceu consideravelmente nas intenções de voto, apesar de ainda poder sonhar com a passagem. Já Jean-Luc Mélenchon, o candidato mais à esquerda, conseguiu uma impressionante dinâmica na reta final da campanha.

A corrida é tão renhida que vários institutos de sondagens já vieram admitir que poderão não conseguir indicar às 20h00 de domingo quem são os dois candidatos apurados para a segunda volta.

A decisão é exclusiva dos franceses mas os seus impactos prometem ultrapassar as fronteiras gaulesas. Afinal, dois candidatos abrem a porta à saída da União Europeia e outros pretendem que haja sérias mudanças no projeto.





Apresenta-se como independente e criou o seu próprio movimento para se lançar na corrida presidencial. Emmanuel Macron é um candidato associado a duas ideias aparentemente contraditórias: agita a bandeira da renovação, porque não está associado a nenhum partido, mas é também o candidato que transporta o balanço da governação socialista dos últimos cinco anos.

Afinal, Macron foi conselheiro para os assuntos económicos de François Hollande, antes de assumir a liderança do Ministério da Economia. Macron recebeu mesmo recentemente o apoio de Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, apesar de não ser o candidato oficial do Partido Socialista.

A carreira de Macron começa na Função Pública francesa, depois de ter sido formado na Escola Nacional de Administração. Participa numa comissão criada em 2008 por Nicolas Sarkozy para promover o crescimento económico em França. Deixa depois a Função Pública e passa a integrar os quadros do banco de investimento Rothschild.

Regressa ao Estado francês em 2012, já com François Hollande no poder. Passa a ser o secretário-geral adjunto do Eliseu, ocupando um lugar de destaque como conselheiro do Presidente francês. Abandona o Eliseu em junho de 2014, mas não ficaria longe do poder por muito tempo.


Emmanuel Macron é nomeado ministro da Economia em agosto de 2014. Sucede a Arnaud Montebourg no cargo, numa remodelação governamental que se apresenta como um marco na viragem à direita de François Hollande.

Na passagem pelo Ministério da Economia, Macron é o responsável por uma vasta proposta de liberalização da economia. Vulgarmente chamada de lei Macron, aumenta o número de domingos em que os comércios podem abrir. Avança ainda com a liberalização das linhas de autocarro interurbanas e altera a legislação sobre o despedimento coletivo.

A reforma merece críticas no seio do próprio Partido Socialista. Com receio de ver a lei chumbada pela sua própria maioria, o Governo recorre ao artigo 49.3 da Constituição francesa, aprovando a lei sem votação no Parlamento.

Macron ainda era ministro quando, em abril de 2016, cria o movimento político Em Marcha!. As dúvidas de uma eventual candidatura presidencial surgem fortemente e reforçam-se ao longo dos meses. Em agosto, anuncia a saída do Executivo. Em novembro, formaliza a candidatura ao Eliseu. Torna-se favorito com a derrota de Manuel Valls nas primárias socialistas e o escândalo dos empregos fictícios de François Fillon.

Candidata-se às eleições presidenciais sem nunca ter sido antes candidato a qualquer eleição. Se vencer, será, aos 39 anos, o mais jovem Presidente da República francesa, batendo o recorde do primeiro Presidente da República Francesa: Luís Napoleão Bonaparte (1842-1852).


O que promete Macron?
Emmanuel Macron tenta fugir à dicotomia entre esquerda e direita e apresenta-se como o mais europeísta dos candidatos presidenciais. Foi ministro do Governo socialista mas ostenta uma visão liberal da economia.

O candidato do Em Marcha! Pretende avançar com um plano de investimentos públicos de 50 mil milhões de euros, reduzir a taxa de imposto sobre as empresas e o peso das contribuições sociais. Pretende ainda avançar com a redução do número de funcionários públicos: menos 120 mil até 2022. Quer manter o modelo das 35 horas semanais mas dar mais espaço à negociação no seio das empresas.

Macron quer avançar com a construção de mais 15 mil lugares nas cadeias francesas, aumentar os efetivos policiais e o investimento em defesa. Quer alargar ainda o acesso à Procriação Médica Assistida aos casais homossexuais e às mulheres solteiras. Macron quer ainda reduzir o número de deputados da Assembleia da República e impedir os eleitos de empregar membros da sua própria família.

Em Bruxelas, Macron defende a criação de um orçamento europeu, a criação de guardas-fronteiriços europeus e a harmonização entre Estados-membros das regras sociais e financeiras. O candidato quer ainda lutar contra as práticas de otimização fiscal.




O nome não deixa margem para dúvidas. Marine Le Pen é a candidata da Frente Nacional, o partido da extrema-direita francesa, fundado pelo próprio pai, Jean-Marie Le Pen. A candidata adota muitos dos temas que motivaram as sucessivas campanhas do pai: o combate à imigração, ao que considera ser o sistema e à oposição à União Europeia.

A agora candidata presidencial é advogada, tendo exercido até 1998. É neste ano que se junta aos quadros do partido liderado pelo pai, na altura como responsável jurídica. Vai aos poucos tornando-se uma personagem crucial do partido, candidatando-se pela primeira vez nas legislativas de 2002, onde surpreende com a passagem à segunda volta. Até hoje nunca conseguirá ser eleita numa eleição legislativa, com o partido a ser prejudicado pela não existência de um sistema proporcional.

Se falhou como possível deputada, conseguiu logo em 2004 ser eleita eurodeputada. Ao todo, a Frente Nacional elege oito deputados europeus. Ao ser a única eleição francesa baseada em grandes círculos que elegem vários deputados, é nas eleições europeias que a FN consegue constantemente os melhores resultados. Marine mantém-se até hoje como eurodeputada.

Marine Le Pen assume a liderança da Frente Nacional em 2011. Derrota o candidato Bruno Gollnisch, durante muitos anos vice-presidente de Jean-Marie e visto como seu sucessor natural, antes do crescimento político de Marine. Já sem adversário, é reeleita presidente da FN em 2014.

É responsável por uma forte renovação no partido desde então, vista pelos analistas como uma tentativa de afastar as frequentes associações da FN a movimentos nazis. O ponto mais alto desta estratégia passa pela expulsão do próprio pai, Jean-Marie Le Pen, em 2015.

O partido justifica a decisão com declarações polémicas do fundador da Frente Nacional. O patriarca Le Pen tinha classificado as câmaras de gás como uma mero “detalhe” da Segunda Guerra Mundial e defendido o regime colaboracionista do marechal Pétain. Jean-Marie contestou a decisão do partido nos tribunais franceses. A justiça confirmou a expulsão do fundador mas manteve-lhe o título de “presidente honorário”, como o próprio confirmou recentemente na entrevista à RTP.

A própria campanha tenta deixar para trás o passado da Frente Nacional. A candidata apresenta-se simplesmente como Marine, deixando de fora do material de campanha o nome Le Pen. Também a imagem da Frente Nacional aparece pouco, com a candidata a adotar uma rosa azul como símbolo da candidatura.

Marine Le Pen é durante largos meses a favorita na primeira volta, apesar de todas as sondagens a darem como derrotada na votação decisiva. Sofre agora a concorrência de Emmanuel Macron. A campanha presidencial fica também marcada por diferentes polémicas, com a candidata a ser acusada de financiar o partido com fundos europeus destinados á atividade dos eurodeputados.

Durante a campanha, Marine desresponsabilizou ainda o Governo francês pelo massacre de Vel D’Hiv, um dos mais negros episódios da história da França sob ocupação nazi. Uma declaração que contrasta com o empenhamento em apresentar-se como líder de um partido que terá mudado e deixado para trás o cariz antissemita.


O que promete Le Pen?

A rutura com a Europa é o principal ponto do compromisso político de Marine Le Pen. A candidata já disse que, caso seja eleita, começará desde logo por retomar o controlo das fronteiras francesas. Marine Le Pen quer ver a França fora do Euro, do Espaço Schengen e da União Europeia.

A candidata promete renegociar os tratados europeus e organizar um referendo para que os franceses decidam se querem ou não permanecer no projeto comunitário. O America First de Donald Trump dá lugar à “prioridade nacional” de Le Pen, que a própria quer inscrever na Constituição.

A Frente Nacional mantém a longa oposição à imigração. Quer permitir um saldo migratório de 10 mil entradas por ano, acabar com o direito de solo, dificultar o reagrupamento de famílias estrangeiras e o acesso dos filhos de imigrantes às escolas francesas.

Le Pen defende ainda que todas as eleições devem seguir um sistema proporcional, ao contrário do que existe atualmente, e que tem dificultado a transformação dos votos na Frente Nacional em representação efetiva.

A candidata promete reduzir a idade da reforma para os 60 anos e reduzir o impostos sobre os rendimentos para as classes mais baixas. Os produtos importados serão sujeitos a uma taxa de três por cento e também os salários de cidadãos estrangeiros serão sujeitos a impostos adicionais.

Le Pen cavalga ainda nas questões securitárias. Promete reforça a polícia, o exército francês e expulsar todos os suspeitos estrangeiros de terrorismo. Aposta ainda na construção de mais 40 mil lugares nas cadeias francesas, no reforço do investimento em defesa e na saída da NATO.




François Fillon foi a primeira surpresa do tabuleiro político francês. Apesar de não ser novo nas lides políticas, poucos esperavam que fosse o vencedor da Primária do Centro e da Direita. Derrotou o favorito Alain Juppé e o ex-Presidente Nicolas Sarkozy.

Desde a década de 90 que François Fillon chefiou diferentes ministérios, tendo assumido a liderança do Governo quando Nicolas Sarkozy chegou ao Eliseu, em 2007.

Fillon é um primeiro-ministro discreto durante os cinco anos em Matignon, tendo sido o único chefe de Governo da V República a manter-se no cargo durante todo o mandato presidencial.

Depois da derrota de Sarkozy em 2012, Fillon candidata-se à liderança da UMP contra Jean-François Copé. Os dois obtêm resultados muito próximos, denunciam irregularidades no processo e reclamam vitória, abrindo uma forte crise no partido.

Nas Primárias de 2016, François Fillon leva a melhor. Vence com 44,1 por cento na primeira volta, repetindo o feito na segunda volta – 66,5 por cento contra os 33,5 por cento de Alain Juppé.

No fim de 2016, na sequência da vitória na Primária, é visto como o favorito da corrida presidencial. Mas tudo muda no princípio de 2017. O jornal satírico Le Canard Enchainé denuncia que a mulher de Fillon terá auferido mais de 900 mil euros durante oito anos por funções públicas que nunca terá exercido.

François Fillon garante ser inocente e denuncia o que considera ser uma “caça ao homem”. Começa por dizer que sairá da corrida se for constituído arguido. É constituído arguido a 14 de março mas mantém a candidatura.

O destino é que já não parece ser o mesmo. De candidato favorito, Fillon passa a terceiro nas intenções de voto na primeira volta e, como tal, fora da corrida decisiva. Mesmo assim, encontra-se suficientemente próximo dos adversários para conseguir o apuramento.


O que promete Fillon?
François Fillon encaminhou Os Republicanos mais para a direita. O candidato promete uma redução das despesas no setor público: redução dos gastos em 100 milhões e supressão de 500 mil funcionários públicos até 2022.

Para aumentar a competitividade do país, avança com a supressão do Imposto sobre a Fortuna e quer reduzir em 40 mil milhões de euros as contribuições sociais das empresas. Por outro lado quer aumentar o IVA de 20 para 22 por cento, de forma a financiar a redução das contribuições sociais para empresas e para quem tem salários mais pequenos.

A austeridade prometida por François Fillon passa ainda por um modelo de 39 horas de trabalho semanal na Função Pública, em vez das atuais 35 horas. No setor privado pretende também acabar com as 35 horas semanais, pretendendo que a carga horária seja definida em negociações entre a empresa e os trabalhadores. O único limite será o indicado pela legislação europeia: 48 horas semanais.

A idade de reforma também deverá ser aumentada: de 62 para 65 anos até 2022. Fillon pretende também poder tirar a nacionalidade francesa aos que combatem pelo Estado Islâmico, construir mais 16 mil lugares nas cadeias francesas e alterar a maioridade penal dos 18 para os 16 anos.

François Fillon aposta ainda no reforço do controlo nas fronteiras europeias e pretende limitar a imigração. Deverá ser o Parlamento a definir anualmente o número de imigrantes que poderá entrar em território francês.

Em Bruxelas, o candidato promete defender a criação de um governo da Zona Euro, parar com os sucessivos alargamentos na União Europeia e negociar uma maior harmonização fiscal entre Estados-membros.




Aos 65 anos, Jean-Luc Mélenchon repete a candidatura presidencial. O candidato tinha conseguido 11,10 por cento dos votos em 2012 e, indicam as sondagens, deverá conseguir agora um resultado bem mais expressivo. Em aberto está mesmo a possibilidade de conseguir apurar-se para a segunda volta.

Mélenchon apresenta-se como o candidato do movimento A França Insubmissa, que o próprio criou com vista a esta candidatura presidencial. Criado em fevereiro de 2016, o movimento recorre à internet e ao contributo dos internautas para a construção de um programa comum, que coloque o “ser humano em primeiro lugar”.

O movimento acaba por ganhar o apoio de vários partidos, nomeadamente do Partido de Esquerda (fundado por Mélenchon em 2009) e do Partido Comunista Francês.

Apesar de se apresentar agora contra o Partido Socialista, Jean-Luc Mélenchon tem uma longa história com o PS. Filiou-se em 1977 e manteve-se no partido até 2008. Chegou mesmo a ser ministro-adjunto no governo de Lionel Jospin (2000) e senador.

Mas desde cedo que militou na fação mais à esquerda do PS, tendo inclusivamente defendido o “não” no referendo ao tratado constitucional de 2005. Acabou por abandonar o partido em 2008.

Funda então o Partido de Esquerda, pelo qual é eleito eurodeputado em 2009. É reeleito em 2014, mantendo-se ainda atualmente no hemiciclo europeu.

Como candidato presidencial, Mélenchon foi a derradeira surpresa. A dois meses das eleições, era o último dos principais candidatos. Conseguiu ultrapassar o socialista Benoît Hamon nas intenções de voto e ameaça atualmente o lugar de François Fillon. Algumas sondagens admitem mesmo que Mélenchon consiga um dos dois primeiros lugares e, portanto, a passagem à segunda volta.


O que promete Mélenchon?
É o principal candidato a defender o fim da V República. Jean-Luc Mélenchon promete dar início ao processo que conduzirá à VI República: começando com a criação de uma assembleia constituinte que redigirá a nova Constituição do país, posteriormente aprovada em referendo.

De forma mais imediata, Mélenchon defende a reversão das reformas laborais e educativas levadas a cabo pelo Governo de François Hollande, o aumento do salário mínimo e redução da idade de reforma para os 60 anos.

O candidato da França Insubmissa quer acabar com a energia nuclear no país e uma aposta forte nas renováveis. O objetivo é que o país seja completamente alimentado por fontes renováveis em 2050. Mélenchon quer ainda nacionalizar a elétrica francesa.

O candidato é a favor da Procriação Medicamente Assistida para todas as mulheres mas contra as barrigas de aluguer. Defende a legalização do canábis e um aumento do número de professores.

Em Bruxelas, Jean-Luc Mélenchon promete bater-se pela renegociação dos tratados europeus. Concluída a renegociação, o candidato pretende realizar um referendo à permanência de França no projeto comunitário. Caso a renegociação fracasse, Mélenchon ameaça sair de forma unilateral da União Europeia.




Depois de a direita ter surpreendido ao escolher Fillon, seguiu-se a surpresa socialista. Na busca pelo rumo a seguir, os militantes e simpatizantes optaram pela escolha mais à esquerda: Benoît Hamon.

Foi eurodeputado socialista, defensor do Não no referendo à constituição europeia de 2005 e porta-voz do Partido Socialista a partir de 2008. Entra para o Governo de François Hollande em 2012 como ministro-adjunto para a Economia Social, integrando a equipa do atual comissário europeu Pierre Moscovici.

Com a mudança de primeiro-ministro em abril de 2014, Benoît Hamon passa a ministro da Educação, mas não por muito tempo. Sai ao fim de quatro meses, em desacordo com a política seguida pela dupla Valls e Hollande.

Hamon pretendia que Paris se apresentasse como alternativa ao pensamento da direita alemã de Angela Merkel, deixando de privilegiar a redução do défice e apostando no crescimento económico e na procura. Saiu e passou a ser um dos opositores ao Executivo.

Anuncia no verão de 2016 a candidatura às Primárias da esquerda, candidatando-se como uma “alternativa de esquerda”, em defesa do “progresso social e ecológico” e por uma “República humanista”.

Não poupa críticas ao mandato de François Hollande, afirmando que a esquerda “fracassou no fundamental: a redução das desigualdades”. Consegue ser o nomeado socialista para a corrida ao Eliseu, derrotando o ex-primeiro-ministro Manuel Valls.

Apesar de ser o candidato do PS francês, apresenta-se muito mais à esquerda do que muitos dos membros do partido. Um facto que lhe tem feito perder algum apoio no seio do partido em prol do ex-ministro Emmanuel Macron. O próprio ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls declarou o seu apoio ao candidato do Em Marcha!.


O que promete Hamon?
No tabuleiro político francês, Benoît Hamon empurrou o Partido Socialista para a esquerda, ao ponto de se aproximar do programa de Jean-Luc Mélenchon A Europa é mesmo o principal ponto de divergência entre os dois.

Benoît Hamon ainda tentou negociar um acordo com Mélenchon, mas não se chegou a nenhuma “solução à portuguesa”. Atualmente, Hamon está mesmo muito abaixo de Mélenchon nas intenções de voto.

O deputado das Yvelines quer instaurar um rendimento básico universal para trabalhadores e estudantes que têm rendimentos inferiores a 2.200 euros. Pretende aumentar o salário mínimo e dar prioridade às pequenas empresas francesas nos concursos públicos.

Hamon chegou a admitir a redução da carga horária semanal para as 32 horas, mas pretende agora manter o modelo de 35 horas, embora abrindo negociações para que o tempo de trabalho possa ser diminuído. Em termos fiscais, Hamon quer instaurar uma taxa sobre os lucros dos bancos, que permita ao Estado encaixar cinco mil milhões de euros. Pretende ainda alterar o modelo de contribuições para a segurança social, com a criação de uma taxa sobre os robots.

É um dos candidatos com mais propostas ambientais. Hamon quer que a França abandone o nuclear em 25 anos e tenha 50 por cento de energia produzida por fontes renováveis até 2025. Este será também o ano para acabar com os carros a gasóleo.

Hamon promete lutar contra as desigualdades entre sexos, alargar a Procriação Médicamente Assistida a todas as mulheres, legalizar o canábis e autorizar a eutanásia. Pretende ainda reformar as instituições políticas e discutir o fim da V República.

Em Bruxelas, a França de Hamon seria contra os tratados CETA e TTIP, a favor de um plano de investimentos de um bilião de euros, da mutualização de parte das dívidas e da criação de um salário mínimo europeu.



Fotografias: Benoit Tessier, Christian Hartmann, Robert Pratta, Pascal Rossignol, Regis Duvignau, Emmanuel Foudrot, Eric Gaillard – Reuters