Reino Unido a votos em cenário de incerteza

por Ana Sofia Rodrigues, RTP
Darren Staples, Reuters

As mesas de voto abriram esta manhã por todo o Reino Unido, naquelas que são as eleições mais renhidas e indefinidas desde há muitos anos. Partido Conservador e Partido Trabalhista registam empate técnico nas sondagens e um novo governo poderá demorar dias ou semanas a ser conseguido.

Desde as 7h00 que os britânicos já podem votar. As urnas estão abertas até às 22h00, num dia de trabalho como qualquer outro. São 50 mil locais de voto, 650 lugares para Westminster, 50 milhões de pessoas registadas para votar, com a possibilidade de, pela primeira vez, os britânicos exercerem o voto online.

Curiosidades de uma eleição em que o principal, o vencedor, é ainda uma incógnita.
Nas sondagens, Partido Conservador e Partido Trabalhista vão conquistando a liderança alternadamente, mas sempre com uma margem mínima, em empate técnico. Ou seja, sem que se consiga apontar um vencedor, mesmo que apenas estatisticamente.

A dúvida que se segue é como será formado o governo. A imprensa britânica chega a falar de uma “paralisia política”. Poderá até demorar semanas, entre muito jogo de bastidores para se poder chegar a uma eventual coligação. Nem sequer é dado como garantido que o partido vencedor seja aquele que, de facto, forme governo.
Reportagem de António Esteves Martins

David Cameron já governa em coligação com os liberais democratas, mas os resultados que o segundo partido da coligação consegue nas sondagens parecem dificultar uma solução idêntica desta vez. Os atuais parceiros dos conservadores deverão passar a ser a quarta força política no Parlamento.

O líder do Partido Conservador, num último fôlego da campanha, classificou esta como a maior e mais importante eleição desta geração.
Ed Miliband, do Partido Trabalhista, considerou, por sua vez, a vitória atingível e prometeu igualdade de oportunidades.
As previsões colocam como terceira força mais votada o Partido da Independência do Reino Unido, o nacionalista e eurocético UKIP. Cresce de forma substancial face às eleições de 2010, com as sondagens a apontar a obtenção de 12 a 15 por cento das intenções de voto.

Apesar disso, o sistema eleitoral britânico e a forma como determina os assentos no Parlamento inglês deverão fazer com que a distribuição de lugares não seja reflexo exato do número de votos. O sistema passa pela eleição de apenas um deputado por cada círculo eleitoral.

O Partido Nacional Escocês, apesar de poder ter uma percentagem mínima dos votos no panorama nacional, deverá conquistar a maioria dos círculos eleitorais escoceses e assim conseguir ser o terceiro partido com mais lugares no Parlamento.
Europa em jogo
As eleições desta quinta-feira no Reino Unido podem ter um impacto palpável no futuro da Europa. Pelo menos se considerarmos a mensagem eurocética que tem percorrido a campanha eleitoral.

O UKIP exige um referendo ainda este ano sobre a permanência na Europa. O próprio atual primeiro-ministro veio já prometer que, caso vença estas eleições e se mantenha no comando do Reino Unido, irá referendar a permanência do Reino na comunidade europeia até final de 2017.
Reportagem de Sandra Machado Soares e Paulo Maio Gomes

As incógnitas são maiores do que as certezas no Reino Unido. Nos últimos dias de campanha eleitoral os partidos focaram esforços a tentar captar o voto dos indecisos, no sentido de desempatar a contenda.
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