As mesas de voto abriram esta manhã por todo o Reino Unido, naquelas que são as eleições mais renhidas e indefinidas desde há muitos anos. Partido Conservador e Partido Trabalhista registam empate técnico nas sondagens e um novo governo poderá demorar dias ou semanas a ser conseguido.
Curiosidades de uma eleição em que o principal, o vencedor, é ainda uma incógnita. Nas sondagens, Partido Conservador e Partido Trabalhista vão conquistando a liderança alternadamente, mas sempre com uma margem mínima, em empate técnico. Ou seja, sem que se consiga apontar um vencedor, mesmo que apenas estatisticamente.
A dúvida que se segue é como será formado o governo. A imprensa britânica chega a falar de uma “paralisia política”. Poderá até demorar semanas, entre muito jogo de bastidores para se poder chegar a uma eventual coligação. Nem sequer é dado como garantido que o partido vencedor seja aquele que, de facto, forme governo. Reportagem de António Esteves Martins
David Cameron já governa em coligação com os liberais democratas, mas os resultados que o segundo partido da coligação consegue nas sondagens parecem dificultar uma solução idêntica desta vez. Os atuais parceiros dos conservadores deverão passar a ser a quarta força política no Parlamento.
O líder do Partido Conservador, num último fôlego da campanha, classificou esta como a maior e mais importante eleição desta geração. Ed Miliband, do Partido Trabalhista, considerou, por sua vez, a vitória atingível e prometeu igualdade de oportunidades. As previsões colocam como terceira força mais votada o Partido da Independência do Reino Unido, o nacionalista e eurocético UKIP. Cresce de forma substancial face às eleições de 2010, com as sondagens a apontar a obtenção de 12 a 15 por cento das intenções de voto.
Apesar disso, o sistema eleitoral britânico e a forma como determina os assentos no Parlamento inglês deverão fazer com que a distribuição de lugares não seja reflexo exato do número de votos. O sistema passa pela eleição de apenas um deputado por cada círculo eleitoral.
O Partido Nacional Escocês, apesar de poder ter uma percentagem mínima dos votos no panorama nacional, deverá conquistar a maioria dos círculos eleitorais escoceses e assim conseguir ser o terceiro partido com mais lugares no Parlamento.
Europa em jogo
As eleições desta quinta-feira no Reino Unido podem ter um impacto palpável no futuro da Europa. Pelo menos se considerarmos a mensagem eurocética que tem percorrido a campanha eleitoral.
O UKIP exige um referendo ainda este ano sobre a permanência na Europa. O próprio atual primeiro-ministro veio já prometer que, caso vença estas eleições e se mantenha no comando do Reino Unido, irá referendar a permanência do Reino na comunidade europeia até final de 2017. Reportagem de Sandra Machado Soares e Paulo Maio Gomes
As incógnitas são maiores do que as certezas no Reino Unido. Nos últimos dias de campanha eleitoral os partidos focaram esforços a tentar captar o voto dos indecisos, no sentido de desempatar a contenda.