Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

“Orçamento do Estado está cheio de riscos, mas Costa é o homem certo para os gerir"

por Rosário Lira

Foto: RTP/Antena 1

A Eurodeputada Elisa Ferreira aponta alguns perigos que podem surgir durante a aplicação do Orçamento aprovado pelo Governo socialista. Elisa Ferreira foi a convidada do programa Conversa Capital, da Antena 1 e referiu que os riscos, deste Orçamento do Estado, existem, são muitos, mas mais vale haver riscos e ser Portugal a traçar o caminho do que ele ser traçado por Bruxelas.

"É uma tarefa espinhosa o que o governo socialista tem pela frente", diz a Eurodeputada e economista Elisa Ferreira.

A Eurodeputada é a convidada do programa Conversa Capital, da Antena 1 e Jornal Económico e em conversa com os jornalistas Rosário Lira e Francisco Ferreira da Silva, considera que o Governo vai ter gerir as posições da aliança interna à esquerda e conciliá-las com as posições externas europeias, mas acredita que Antonio Costa é a pessoa certa para fazer essa gestão.

Elisa Ferreira considera que a proposta do Orçamento do Estado para 2016 é um primeiro passo para reconstruir a confiança económica e que casa a necessidade de cumprir os acordos internos com as exigências de Bruxelas.

Apesar de confiar nesta nova fase admite que existem muitos riscos, “riscos por todo o lado”. Riscos internos e externos que veem até da própria União Europeia.

Aconselha por isso os portugueses a terem uma estratégia comum e a darem o seu contributo mais do que estar à espera de serem “ensinados pela Europa”.

Elisa Ferreira admite que há diferenças na interpretação dos tratados e que os pequenos países, como Portugal são prejudicados. Cita o caso das exigências relativamente ao défice estrutural.

De resto a eurodeputada considera que a Comissão Europeia se deixou “capturar pelos poderes fácticos do Conselho” e que se transformou numa “espécie de secretariado técnico” desse Conselho, abdicando da função que deve ter de reequilibrar as forças entre países.

Elisa Ferreira considera ainda que a Comissão Europeia hoje “é vista como uma entidade cujas previsões económicas deixam muito a desejar”, porque houve erros técnicos muito graves que foram cometidos. A instituição, considera, saiu fragilizada.

A eurodeputada adianta ainda que as correções feitas geraram uma recessão que persiste, porque foi mais fácil dizer que “uns se portaram bem e outros se portaram mal” do que assumir responsabilidades pelas opções tomadas.

Neste contexto, Portugal nos próximos 10 meses “tem de estabilizar e evitar a derrocada de toda a economia nacional como estava a acontecer”.

A socialista considera que é preciso apurar como é que ajustamentos temporários foram aceites em Bruxelas como permanentes.

Elisa Ferreira considera que o processo do BANIF levanta muitas dúvidas mas não quer apontar o dedo a ninguém em particular, nem mesmo ao Governador do Banco de Portugal. “Não se pode andar aos tiros a todos”, refere a eurodeputada que quer perceber quem fez o quê em cada fase do processo e exigir responsabilidades se for caso disso.

Admite que no caso do BANIF, o medo do risco sistémico tenha precipitado uma decisão.

Elisa Ferreira considera que a entrada em vigor da entidade de resolução única a 1 de janeiro de 2016 e consequentemente a imputação de perdas a pelo menos oito por cento dos passivos dos bancos, com a possibilidade de atingir credores seniores e depósitos acima dos 100 mil euros, levou a avançar com a resolução.

Contudo, Elisa Ferreira esclarece que já transmitiu ao presidente da Comissão Europeia a necessidade de fazer uma avaliação do que se passou e em particular das competências da Direção Geral de Concorrência, no que se refere à avaliação do que são ajudas de Estado e quando podem acontecer.




pub