Britânicos e holandeses são os primeiros a votar nas europeias

por Carlos Santos Neves - RTP
O Partido do Brexit, de Nigel Farage, é dado como favorito pelas sondagens publicadas no Reino Unido Henry Nicholls - Reuters

Os eleitores do Reino Unido e da Holanda abrem esta quinta-feira o processo que vai redesenhar a distribuição de forças no Parlamento Europeu. Em ambos os países, forças eurocéticas ganharam expressão nas sondagens publicadas ao longo dos últimos dias.

Mais de 400 milhões de eleitores são convocados às urnas dos países-membros da União Europeia para definir 751 assentos no Parlamento Europeu. Britânicos e holandeses já votam. Seguem-se, na sexta-feira, a Irlanda e a República Checa. Na maior parte dos Estados, a votação acontece no domingo.
No Reino Unido, o processo de saída da União Europeia domina a arena político-partidária desde o referendo de junho de 2016.

Dos cálculos das sondagens resulta um cenário de recrudescimento de forças nacionalistas e fortemente contrárias ao projeto de integração europeia. E, consequentemente, um recuo, que pode assumir dimensões históricas, de duas das famílias de maior peso em Estrasburgo: o Partido Socialista Europeu e o Partido Popular Europeu.

Em França, o partido de extrema-direita encabeçado por Marine Le Pen surge mesmo posicionado para ultrapassar a formação do Presidente Emmanuel Macron, ao passo que o léxico anti-União trilha também um caminho tendente à vitória em Itália, pela voz do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini.

A Holanda, onde se vota desde o início da manhã, não escapa a este quadro: o Fórum para a Democracia (FvD), cujo discurso questiona, de um só golpe, o projeto europeu e as alterações climáticas, a somar à defesa do fecho de fronteiras à imigração, protagoniza um braço-de-ferro com os liberais (VVD) do primeiro-ministro Mark Rutte.

O rosto do FvD, Thierry Baudet, fechou a campanha a condenar o que descreveu como “um super-Estado” - a União Europeia, leia-se. Os cálculos das sondagens atribuem a este partido três a cinco dos 26 assentos parlamentares reservados aos holandeses.

No Reino Unido, Brexit é a palavra-chave. Um verdadeiro terramoto, face ao arrastamento deste dossier, é o que as sondagens vaticinam. A última, publicada na quarta-feira, relegava os conservadores da primeira-ministra, Theresa May, para a quinta posição, com sete por cento dos votos. À cabeça da corrida, com 30 pontos de vantagem sobre os tories, surgia o Partido do Brexit, arquitetado por Nigel Farage.
Dispersão
O programa de Farage é conciso. Passa pelo imediato adeus do Reino Unido à União Europeia sem qualquer forma de acordo. No extremo oposto está o recém-chegado Change UK, partido europeísta que reúne nomes dissidentes dos tradicionais conservadores e trabalhistas. Todavia, este é um campo pulverizado.

O voto anti-Brexit, indicam os prognósticos, dispersa-se por liberais-democratas, verdes e pelas formações nacionalistas SNP, na Escócia, e Plaid Cymru, no País de Gales.

Feitas as contas à sondagem publicada na véspera da votação pelo instituto YouGov, o Partido do Brexit poderá chegar aos 37 por cento.


Em segundo lugar surgem os liberais-democratas, com 19 por cento das intenções de voto, e em terceiro o Partido Trabalhista, com 13 por cento.

A divulgação oficial dos resultados só terá lugar na noite de domingo, quando a votação estiver encerrada em todos os Estados-membros.

c/ agências
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