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Europeias. PS vence eleições em noite recorde para a abstenção

por Andreia Martins - RTP
António Costa, secretário-geral do PS, agradeceu aos portugueses a votação “expressiva, clara e inequívoca” no partido Miguel A. Lopes - Lusa

Os resultados finais das eleições europeias dão a vitória ao Partido Socialista, com 33,38% dos votos. Surge depois o PSD, com 21,94%, o pior resultado de sempre dos social-democratas em eleições europeias e legislativas. O Bloco de Esquerda é a terceira força política mais votada, com 9,82%, à frente da CDU e CDS-PP, numa eleição que fica marcada pelos níveis de abstenção mais elevados jamais registados em Portugal.

Portugal contrasta com o resto da Europa a vários níveis nestas eleições: longe dos populismos e dos movimentos de extrema-direita que alcançaram resultados favoráveis em vários países, mas em contracorrente no que diz respeito à abstenção.  

Registou-se em Portugal a terceira abstenção mais elevada de toda a União Europeia (68,6 por cento), ficando estes números à frente apenas da Croácia e da Eslováquia (neste último, apenas 20 por cento dos eleitores participaram).  

A nível nacional, esta foi a taxa de abstenção mais elevada de sempre em eleições realizadas em Portugal, superando a abstenção elevada que se tinha verificado nas eleições europeias de 2014 (66,2%). Todos os partidos, sem exceção, admitiram que estes números devem fazer refletir as forças partidárias e as instituições.

“É tão importantes escolher o que queremos da Europa, como escolhermos o que queremos da nossa freguesia, município ou país”, frisou o primeiro-ministro António Costa.

A última vez que um partido no Governo tinha vencido as eleições europeias foi em 1999, na altura com António Guterres como primeiro-ministro.
No que diz respeito aos resultados apurados, esta foi a primeira vez em duas décadas que o partido no Governo conseguiu arrecadar uma vitória significativa nas eleições europeias. 

O PS vence este escrutínio com mais de 11 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo partido mais votado. 

António Costa, secretário-geral do PS, agradeceu aos portugueses a votação “expressiva, clara e inequívoca” no partido, com “força renovada” para as eleições legislativas, que se realizam daqui a pouco mais de quatro meses.  

Pedro Marques, o cabeça de lista da força política vencedora, considera que os portugueses “deram uma enorme vitória ao PS” nas europeias, mas também em relação aos últimos três anos e meio de governação.
Pior resultado de sempre para o PSD

O PSD é o grande derrotado destas eleições, tendo registado este domingo o pior resultado de sempre em eleições nacionais e europeias.

Os social-democratas obtiveram 21,94 por cento, quando há apenas algumas semanas os social-democratas estavam em empate técnico com o PS. 

Até hoje, o pior resultado europeu tinha sido registado nas eleições de 2014, quando alcançou 27,7 por cento dos votos.

Este resultado ultrapassa também o pior registo do PSD a nível nacional, que remonta a 1976 em eleições legislativas, quando os social-democratas obtiveram 24,35 por cento.  Há cinco anos, a diferença entre PS e PSD era de menos de 4%. Agora, a diferença ultrapassa os 11%
 
Numa noite eleitoral difícil, Rui Rio assumiu que o partido falhou os objetivos definidos: “O primeiro passo para que amanhã as coisas corram melhor é reconhecer os erros de hoje”, frisou.

No entanto, garante que não abandona a liderança e que tem “condições” para levar o PSD a alcançar “um bom resultado” nas eleições de outubro. 

O líder dos social-democratas defendeu ainda que as eleições europeias “são completamente diferentes” e que a elevadíssima taxa de abstenção dificulta quaisquer leituras que possam ser feitas. 

Também à direita, o CDS-PP obteve um resultado negativo, ao ser a quinta força política mais votada nestas eleições (6,19%), elegendo apenas um eurodeputado.

O cabeça de lista Nuno Melo assumiu-se como único “responsável” desse mesmo resultado e a líder do partido, Assunção Cristas, refere que a abstenção “foi o maior obstáculo” nestas eleições.

Quem não ficou longe do resultado do CDS-PP foi o PAN, que reuniu 5,08% dos votos. Com estes números, o partido Pessoas-Animais-Natureza elegeu o primeiro eurodeputado, Francisco Guerreiro, que vai passar a integrar o grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu.
Bloco ganha terreno, CDU perde 

Um dos grandes vencedores da noite foi o Bloco de Esquerda (com 9,82 por cento dos votos, mais do dobro de 2014). 

Os bloquistas conseguiram eleger o segundo eurodeputado ao Parlamento Europeu e torna-se na terceira força política no espectro nacional. José Gusmão junta-se assim à cabeça-de-lista Marisa Matias em Estrasburgo.

Se um dos dois parceiros do PS na “geringonça” alcançou números muito positivos, já a CDU conheceu o pior resultado de sempre em eleições europeias, baixando de três para dois deputados no Parlamento Europeu.

Em 2014, comunistas e ecologistas tinham sido a terceira força política mais votada e ficam agora em quarto lugar, atrás do Bloco de Esquerda. 

Vários partidos ficaram aquém do número de votos para eleger um eurodeputado, o primeiro dos quais foi o estreante Aliança, do ex-primeiro-ministro Santana Lopes, com apenas 1,86 por cento dos votos, seguido do Livre, de Rui Tavares, com 1,83 por cento.

De fora do Parlamento Europeu ficou também Marinho e Pinto, que tinha sido eleito eurodeputado em 2014 pelo Movimento Partido da Terra e agora não conseguiu repetir o feito com o Partido Democrático Republicano (PDR).

O estreante Basta também não conseguiu um dos 21 lugares atribuídos a Portugal no Parlamento Europeu, tendo reunido apenas 1,49 por cento. Pode consultar todos os resultados aqui.
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