Migrantes começam a usar a Croácia como alternativa à Hungria

por RTP
Refugiados caminham do lado sérvio ao longo da fronteira com a Croácia, perto de Sid. O país parece ser a nova rota dos migrantes que querem seguir para o centro da Europa. Antonio Bronic - Reuters

No Parlamento, o primeiro-ministro da Croácia, Zoran Milanovic, garantiu que o país "está pronto a acolher ou dirigir estas pessoas para onde elas queiram ir, que é obviamente a Alemanha ou os países escandinavos."

"Poderão passar pela Croácia e iremos ajudar, já estamos a preparar-nos para essa possibilidade" acrescentou Milanovic, revelando que pelo menos 150 pessoas entraram via Sérvia durante a noite.

Oficialmente às primeiras horas tinham sido contabilizadas duas dezenas de entradas mas muitos outros terão passado os campos a pé.

"Uma vintena de pessoas, na maioria mulheres e crianças", entrou na Croácia esta manhã a partir da Sérvia. "Entraram na Croacia perto de Tovarnik", confirmou um porta-voz da polícia, Domagoj Dzigumovic, acrescentando que estavam a ser registados.

A Sérvia começou igualmente ausar autocarros para transportar migrantes até Sid, junto à Croácia.

Apesar das garantias de Milanovic, o presidente croata, Kolinda Grabar Kitarovic, convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para lidar com a crise dos migrantes.

"Agora que a crise se torna cada vez mais complexa a cada dia que passa, devo precaver as consequências da vaga de migrantes e as suas potenciais consequências sociais, económicas e de segurança", referiu um comunicado da presidência.

"É necessário convocar uma reunião do Conselho de Segurança Nacional sobre esta questão", conclui o comunicado. A reunião poderá decorrer sexta-feira ou terça-feira da próxima semana.
Pressão na Hungria
Já na fronteira húngara, no segundo dia de encerramento fronteiriço, permanecem centenas de milhares de pessoas, pressionadas e muitas ao relento ou dependentes da ajuda de voluntários.

Pelo menos mais 60 pessoas foram detidas nas últimas horas por tentarem desobedecer e passar a barreira de arame farpado, juntando-se aos 174 refugiados já presos e acusados do que é agora considerado um crime punível com até três anos de prisão.

Esta quarta-feira de manhã já foram processadas 35 pessoas, acusadas de passagem ilegal. O país recebeu ainda 94 pedidos de asilo de pessoas colocadas na zona de trânsito, dos quais 19 foram rejeitados e sete estão sob apelo. De acordo com a agência de notícias húngara MTI, 74 pessoas, 13 famílias e dois séniores peticionaram tratamento especial.

O Governo húngaro começou também esta manhã a construir na fronteira com a Roménia uma barreira semelhante à erguida junto à Sérvia, para impedir a passagem ilegal dos migrantes.

O país decretou terça-feira o estado de crise em duas províncias devido ao elevado número de refugiados que ali permanecem e criou novas regras de triagem de migrantes.

A quem entre, a Hungria exige pedidos de asilo ou de proteção obrigatórios e promete expulsar aqueles que não os tiverem. E garante que dará resposta aos pedidos em 24h00 ou, no máximo, oito dias. Entretanto os migrantes, para quem a entrada não é garantida, receberão alojamento numa zona "de ninguém" alargada, junto à fronteira.
Tópicos
pub